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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Polícia Civil admite que inocentes morreram em confronto na Maré, RJ

Foto: Felipe Dana/AP

Polícia Civil admite que inocentes morreram em confronto na Maré, RJ
A Polícia Civil admitiu que três moradores inocentes estão entre os nove mortos na megaoperação realizada por cerca de 400 agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), como mostrou o Bom Dia Rio. Inicialmente, havia a informação de que dois moradores tinham sido mortos, além de um policial do Bope e criminosos.


Segundo um representante da ONG Observatório das Favelas, que funciona dentro do Conjunto de Favelas da Maré, a madrugada de terça-feira (25) foi de terror por causa do intenso tiroteio. Jaílson de Souza e Silva conta que recebeu muita reclamação de moradores sobre a ação da polícia.

Durante a madrugada desta quarta-feira (26), moradores acenderam velas para lembrar os inocentes mortos e também para protestar contra a ação policial. Nesta manhã, a promotoria de Direitos Humanos deve receber alguns moradores da comunidade que reclamaram de possíveis excessos da polícia.

Um blindado permanecia no 22ºBPM (Maré), que fica na frente da comunidade Nova Holanda, na manhã desta quarta. Durante a madrugada, a Força Nacional de Segurança montou bases nos acessos à comunidade Nova Holanda, na Avenida Brasil. O batalhão da Maré também reforçou o policiamento na região.

Ao todo, nove pessoas morreram, e, segundo a polícia, cinco seriam criminosos. Além disso, outros nove suspeitos foram presos e um menor de idade apreendido. Seis pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para hospitais. Até as 7h desta quarta, três continuavam internadas.

Operação
A operação do Bope na Favela Nova Holanda começou na noite desta segunda-feira (24) após arrastão na Avenida Brasil. Por volta das 14h20, moradores tentavam interditar a Avenida Brasil na altura da comunidade, em protesto à violência da polícia. A PM respondeu com bombas para dispersar o grupo. Outro grupo - ligado a movimentos sociais - começou manifestação com faixa dizendo que "a polícia que reprime no asfalto é a mesma que mata na favela".

Até o início da tarde de terça, mais de 10 mil papelotes de cocaína tinham sido apreendidos, além de maconha, quatro fuzis, duas submetralhadoras e uma metralhadora. A polícia localizou ainda cinco pistolas, colete à prova de balas, dois carros, cinco motos e uma carcaça de veículo. um dos fuzis, segundo a PM, é de fabricação americana e não é utilizado por nenhuma polícia nem Forças Armadas no Brasil.

Morte do PM
O PM do Bope foi morto na noite de segunda durante troca de tiro com criminosos. Dois suspeitos pela morte foram detidos nesta manhã durante operação na comunidade. "Acabamos de realizar uma operação e prendemos marginais acusados de atirar contra o policial. Chegamos até eles através do Disque denúncia", disse o major Ivan Blaz, relações públicas da PM. Santos estava na corporação havia 17 anos.

"Os homens estão na Nova Holanda buscando os criminosos que ontem [segunda] vitimaram um policial do Bope e atacaram motoristas na Avenida Brasil. Está sendo exaustivo. Estamos utilizando todos os nossos esforços que possamos para buscar esses criminosos. É fundamental o apoio da população", afirmou Blaz.

Ação do Bope
A operação na Favela Nova Holanda começou na noite de segunda depois de uma manifestação que teve início na Praça das Nações, por volta das 17h, e se dirigiu até a Avenida Brasil. Segundo a Polícia Militar, os assaltantes se aproveitaram do protesto para praticar os delitos nas passarelas e nas calçadas.

Ainda de acordo com a polícia, traficantes se infiltraram, fizeram um arrastão no trânsito e foram perseguidos.

Segundo o subcomandante do Bope, major João Jacques Busnello, “O Bope agiu dentro dos parâmetros legais”. Ele diz que a ação é compatível com o ataque sofrido pela polícia.

Escolas sem aula
Em função da ação, escolas da região ficaram sem aulas na manhã desta terça. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), oito unidades escolares não tiveram atendimento no turno da manhã no Conjunto de Favelas da Maré. As unidades atendem 6.422 alunos. Outras três unidades estão com baixa frequência de alunos. Já na região do bairro de Bonsucesso, próximo a comunidade, oito unidades também estão com baixa frequência.

UPP na Maré
Em fevereiro, após a ocupação das favelas de Manguinhos e Jacarezinho, a Secretaria de Segurança Pública do Rio chegou a anunciar que a próxima comunidade pacificada seria a Maré. No entanto, Cerro-Corá, no Cosme Velho, na Zona Sul, acabou sendo tomada pelas forças de segurança antes.
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