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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Policiais envolvidos em tortura a suspeitos no PR podem ser presos

Todos os policiais envolvidos na suposta tortura cometida contra os suspeitos de estuprar e matar a adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos...

Todos os policiais envolvidos na suposta tortura cometida contra os suspeitos de estuprar e matar a adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, devem ter a prisão temporária pedida pela Secretaria de Justiça do Paraná. A informação foi confirmada neste domingo (14), pelo próprio secretário, Cid Vasques, em entrevista ao "Fantástico". “Policial torturador não é policial, é delinquente”, afirmou.


A mudança de postura das autoridades em relação ao caso se deu em decorrência aos novos fatos que surgiram na investigação da morte da menina, que aconteceu no dia 25 de junho. Dois dias depois do sumiço de Tayná, a polícia prendeu quatro homens, funcionários de um parque de diversões da região. Em depoimento, eles confessaram o crime.

Contudo, logo após o início das investigações, a perita Jussara Joeckel que esteve no local onde o corpo foi encontrado, afirmou que a cena encontrada por ela não representava uma situação de estupro. “Isso [a menina vestida] é incompatível com violência, com embate sexual e com violência sexual”, disse.

Um exame de DNA feito no sêmen encontrado no corpo de Tayná comprovou que o material não pertencia a nenhum dos suspeitos presos. Após ouvir os quatro homens, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu denunciar a prática de tortura contra eles. “Todos eles contam a forma como eles chegaram a um ponto onde não havia mais possibilidade de aguentarem a tortura e foram obrigados a falar o que era mandado”, afirma a coordenadora de Direitos Humanos da OAB, Isabel Kluger Mendes.

O "Fantástico" teve acesso ainda aos depoimentos que os suspeitos prestaram ao Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). Os homens revelam que levaram choques e foram sufocados.

Preso: Daí esse delegado estava com a maquininha de choque.
Promotor: O delegado?
Preso: Com a maquininha de choque e já chegou prensando, ‘Cadê o corpo da menina, não sei o que...'
Promotor: E deu o choque?
Preso: Deu. Nossa, bastante.

Ao todo, três delegados já foram afastados das investigações. Neste domingo, toda a equipe de policiais da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, cidade onde aconteceu o crime, foi afastada. Eles serão temporariamente substituídos por equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.

Após outro depoimento dos suspeitos, no sábado (13), o Ministério Público do Paraná (MP-PR) decidiu pedir a liberdade provisória dos quatro suspeitos. Para a promotoria, os homens não representam uma ameaça à sociedade. “Com toda essa situação de alegação de tortura e também algumas alegações de tortura que o próprio Ministério Público fez, os elementos hoje, que nós temos, não são suficientes para nós iniciarmos um processo contra eles”, afirma o promotor Paulo de Lima, que está cuidando do caso.

O secretário de Segurança Pública também informou que as investigações do caso serão reabertas. “Novas pessoas estão sendo ouvidas, novas diligências estão sendo feitas, algumas de cunho sigiloso, enfim. É um trabalho que a polícia vai continuar fazendo com todo o rigor e com todo o afinco”, informou.

Enquanto o caso não é resolvido, a família fica apreensiva pela demora nas investigações. Cleuza Silva, mãe de Tayná, espera que os responsáveis sejam encontrados e punidos. “Fico esperando que ela pudesse voltar e entrar por aquela porta ali, mas é uma coisa que não vai acontecer. É uma coisa que a gente sabe que não vai acontecer, que ela nunca mais vai voltar. É muito triste. Eu espero que a justiça seja feita, que não pode mais um crime hediondo dessa maneira ficar impune”, diz.

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