O ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, acusado de liderar o esquema do mensalão, admitiu se sentir constrangido com as denúncias e se declarou inocente e honesto. Ele se diz vítima de uma conspiração política para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e informou que não renunciou para defender a honra do partido.
“Evidente que eu me sinto constrangido, se não seria um sínico. Você ser acusado de bandido, de chefe de quadrilha, corrupto, se eu fosse não daria importância, como está cheio dessas pessoas no Brasil, mas como eu sou inocente e honesto, é evidente que eu sofro com isso. É evidente que é uma coisa quase insuportável, eu resisto porque eu sei que sou inocente”, afirmou em entrevista coletiva durante encontro do PT em Cuiabá.
Dirceu, que foi cassado do mandato de deputado federal em dezembro 2005, diz que não teme a Justiça e quer ser julgado para que seja provada a sua inocência. Ele conta ainda que já foi absolvido em Brasília e no caso Celso Daniel, após o irmão do ex-prefeito se retratar.
“Todas as investigações que foram feitas contra mim estou sendo absolvido. (...) Acabei de ser inocentado por improbidade administrativa e o juiz fez uma crítica dura ao Ministério Público. O processo que tentaram envolver meu filho foi arquivado, mas o Ministério Público recorreu. Tenho certeza que serei inocentado no Supremo, e quero ser julgado”, declarou.
Segundo Dirceu, a Receita Federal realizou uma devassa na vida contábil, fiscal e patrimonial dele e lhe foi dado um “atestado de honestidade”. “Eu estou tranqüilo. O Brasil conhece minha vida e conhece minha história. Isso foi uma disputa política. Fui acusado sem provas e eu estou sendo processo, mas não temo a justiça e quero ser julgado”, afirmou.
Sem o menor pudor, Zé Dirceu aposta ter o apoio popular e afirma que seria eleito deputado federal em 2006 como o mais votado do PT, caso tivesse renunciado. “Mas eu falei: ‘não vou renunciar, vou defender o PT, o governo e o presidente’. Não era eu que estava em jogo, era a história do PT, era a minha história, era a história da esquerda brasileira. Eu não comecei no PT, eu comecei em 1965, quando tinha 18 anos e já estava lutando contra a ditadura”, explodiu.
Dirceu acredita ter sido vítima de um esquema que tinha como pretensão derrubar o presidente Lula. “Lamentavelmente, fui vítima de uma conspiração política, que me cassou e me processou pelo crime de corrupção e formação de quadrilha, e que era para fazer o impeachment do Lula e derrotar ele em 2006, mas o povo deu a resposta e o Lula foi reeleito”, desabafou.
Quanto a voltar a disputar cargo político, Dirceu diz que a prioridade é provar sua inocência e conseguir a anistia no Senado e na Câmara dos Deputados. “Quando eu consegui isso, eu vou ver o que eu faço da minha vida política, além do que faço hoje”, encerrou.
