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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Pais mudam rotina para cuidar de filhos especiais na região de Sorocaba

Quando o assunto é filho, o que um pai é capaz de fazer? Na região de Sorocaba (SP), dois pais são exemplos de superação de limites físicos, e até biológicos, para promover segurança, conforto e carinho aos filhos especiais. Como é o caso de Osnir Novais de Melo, de 61 anos, que mora na Zona Norte de Sorocaba.


Ele não é pai biológico de Maycon Douglas Taborde, de 27 anos. Porém, desde que se casou, há mais de 25 anos com a avó biológica do jovem, Margarida Barbosa, de 67 anos, dedica os seus dias a cuidar do filho, como diz que o considera. E a dedicação só aumentou depois que Maycon ficou paraplégico ao ser baleado no maxilar durante uma tentativa de assalto, há 7 anos, próximo de sua casa.

A mãe de Maycon morreu quando ele tinha 2 anos e o pai biológico nunca esteve próximo. Dessa forma, o avô postiço assumiu a responsabilidade e conquistou o rapaz, ganhando o título de pai, quando Maycon ainda era criança. "Ele veio para mim e perguntou: 'te chamo de pai ou de avô?'. Eu respondi que ele poderia me chamar do jeito que quisesse. A partir daí, ele passou a me chamar só de pai", explica.

Maycon conta que começou a chamar Osnir de pai antes mesmo de chamar a avó biológica de mãe. "Ser pai de sangue é muito fácil. Quero ver cuidar, se dedicar a um filho, como ele faz comigo. Para mim, ele é o meu pai desde que eu me entendo por gente", acrescenta Maycon.

Depois da fatalidade, Osnir teve que largar o emprego de mecânico em uma oficina para se dedicar 24 horas por dia ao filho. "Ele precisa de ajuda para comer, tomar banho, para quase tudo. E minha esposa não dava conta de atender ele sozinha. Afinal, precisamos sempre carregar ele. Então, precisei abandonar o trabalho para ajudar", conta o pai que ainda não se aposentou e, por isso, transformou a garagem da sua casa em uma oficina improvisada para ajudar na renda familiar.

No dia a dia, pai e filho usam do improviso para driblar as dificuldades impostas pela deficiência. Como mecânico, Osnir aprimorou um guincho elétrico para ajudar Maycon a sair da cama. E não para por aí.

A família também comprou um guincho mecânico, no valor de R$ 5 mil, que ajuda o jovem a entrar no carro. "As peças são pesadas, mas é fácil de montar. Assim podemos colocar ele no carro e sair para passear", conta Osnir, orgulhoso com o carinho que recebe de Maycon.

Mais perto da filha

O produtor rural Henrique Daniel Leme, de 41 anos, também teve que mudar de vida para cuidar de uma filha especial. Ele morava no Centro de Capela do Alto (SP) com a esposa Luciana e as filhas Franciele e as gêmeas Fernanda e Fabiana. Porém, logo após o nascimento das gêmeas, o pai notou que Fabiana era autista. Com a descoberta, Henrique conta que teve que se mudar para a zona rural, para conseguir conciliar o trabalho aos cuidados com a filha.

Atualmente, a menina está com 17 anos, mas precisa de ajuda para fazer quase tudo. "Ela é muito apegada a mim. Se eu saio por algumas horas para trabalhar, do lado de casa, a Fabiana já fica muito agitada e chega a bater a cabeça na parede. Ela tem muitas feridas no coro cabeludo por causa disso. Então, não posso ficar muito tempo longe dela", conta o pai enquanto a filha o abraçava.

Fabiana não fala, mas isso não a impede de dizer ao pai, do jeito dela, a hora que ela quer andar de moto. Desde pequena, a menina vai até o local onde o pai deixa a chave e os capacetes e segue em direção à moto. "Ela adora passear de moto comigo e isso é a única coisa que a acalma", conta Henrique.

Desde o nascimento de Fabiana, a renúncia passou a fazer parte da vida do pai e de toda a família. Ele conta que, em algumas vezes, deixa de sair ou viajar para não promover qualquer tipo de desconforto para a filha.

Apesar de todas as dificuldades, Henrique não se deixa abalar e ainda aconselha outros pais que também tenham filhos especiais, seja com autismo ou qualquer outro tipo de situação. "Eu diria para os pais não desistirem nunca. É difícil, sim. Mas como desistir de um filho? Por ela, eu faço de tudo que for necessário, quantas vezes for preciso", conclui o pai.
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