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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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De Votorantim a Miami, Gustavo quer conquistar o mundo com o balé

Gustavo Pacheco sabe o que quer da vida desde os 13 anos: ser bailarino clássico. Aos 19, depois de muitos saltos e exercícios, está prestes a dar um passo importante para realizar o sonho. Na próxima semana, o jovem morador de Votorantim (SP) embarca para os Estados Unidos, onde vai passar um ano treinando, estudando, dançando e saltando.


Ele será aluno bolsista na Miami City Ballet, uma das academias mais promissoras do país. Ganhou a chance depois de um curso de verão de cinco semanas, do qual participou no mês passado, com todas as despesas pagas, após ser selecionado em audições realizadas em São Paulo.

“Acho que fui bem, né? Sabia que nem todos os estudantes do curso de verão seriam selecionados para estudar o ano inteiro, então, desde o começo avisei a eles que eu tinha interesse. Depois de alguns dias, um professor me chamou e disse que eu tinha sido selecionado”, conta ele no intervalo entre aulas e ensaios na academia em que trabalha, em Sorocaba (SP).

Não foi a única vitória. Além da bolsa para o curso, integral, ele precisaria ganhar também a moradia, oferta para poucos. “Fiquei nervoso, porque minha família é simples, de renda baixa, e eu não tenho condições de depender de dinheiro deles. Quando me chamaram e disseram que eu ia receber também a bolsa de moradia, foi um sonho que se realizou”, conta Gustavo, que encarou um palco para dançar pela primeira vez aos 9 anos, na Igreja do Evangelho Quadrangular, que frequentava com a família - a mãe também dançava.

“Comecei com jazz e street dance, porque achei que o balé seria muito difícil. Mas aos poucos fui me identificando e achando o máximo. Aos 13 anos já sabia que ser bailarino era o meu destino e comecei a fazer aulas em academias para me aperfeiçoar”, relembra. Aos 17, ele completou o ensino médio e enfim começou a viver profissionalmente da dança: deixou um emprego em um supermercado e começou a dar aulas em outras academias e participar de apresentações que lhe rendiam um cachê. “Eu vi que a única chance de viver do balé seria me dedicar integralmente. Eu tinha de fazer disso o meu trabalho. Felizmente sempre estive perto de pessoas que acreditaram no meu talento e me deram chances”.

A história do menino que desafia piadas e preconceitos para ser bailarino ganhou o cinema e os palcos com Billy Elliot, filme que deu origem à peça, que esteve em cartaz em São Paulo até o último domingo. Mas Gustavo diz que sua vida foi diferente: ao contrário do personagem-título, que desafia o pai, ele sempre teve apoio em casa e diz que nunca sua preferência sexual foi discutida por causa do amor à dança. “Eu sei que acontece, que muitos meninos são chamados de “bichas” ou “maricas”, mas comigo, acredite, nunca aconteceu. Minha família sempre apoiou, meu pai é música e sempre gostou de me ver dançando. E mesmo na escola, nunca ouvi uma piada preconceituosa, acho que tive sorte”, ele conta.

E é na família que o jovem dançarino pensa quando sonha com o sucesso. Quer ajudar a mãe e os dois irmãos a melhorar de vida, admite que vai sofrer com a saudade durante o ano nos Estados Unidos, mas avisa que morar no Brasil não está mais em seus planos. “Quero me destacar como bailarino, mas aqui no nosso país o espaço é pequeno. Lá fora sei que terei mais oportunidades. Então, se tudo der certo, acho difícil voltar a morar aqui. Mas vou levar minha mãe e meus irmãos pra morar comigo”, avisa.

O sonho começa a ser vivido na semana que vem, quando Gustavo embarca para Miami. Ele ainda não sabe como vai custear a alimentação, que não está incluída na bolsa. Pretende começar com bicos, como lavar carros e passear com cachorros. “O pessoal me contou que é possível ganhar algum dinheiro assim. Com esse tipo de trabalho, eu vou dar meu jeito até me virar apenas com o balé”. O que, espera, acontecerá logo.

“Acredito que eles estão de olho em mim. Não me deram uma bolsa integral e de moradia à toa. Se eu me esforçar, mostrar talento e me dedicar, vou conseguir ser contratado, receber um salário e me sustentar só com o balé. Espero que logo”, ele diz, com olhos brilhantes e o sorriso de quem tem todos os sonhos da vida pela frente.
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