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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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'Se ficar comprovado, vamos aceitar', diz parente sobre culpa de filho de PM

Foto: Reprodução

'Se ficar comprovado, vamos aceitar', diz parente sobre culpa de filho de PM
Representantes da família Pesseghini disseram nesta quinta-feira (5) que ainda aguardam a conclusão do inquérito para saber se o garoto Marcelo, de 13 anos, foi responsável pela chacina ocorrida em agosto. Ele é suspeito da morte do pai, da mãe, da avó e da tia-avó na Brasilândia.


Sete parentes de Marcelo estiveram nesta manhã com os responsáveis pela investigação e viram parte dos laudos já produzidos sobre os assassinatos na Zona Norte de São Paulo. "Se ficar comprovado pela polícia e perícia que foi Marcelinho, a gente vai ter que ficar quieto e aceitar", disse o empresário Sebastião de Oliveira Costa, tio-avô do garoto.
Existe fatalidade em qualquer família. Se isso acontecer, nós vamos sofrer bastante, mas vamos ter de aceitar"
Sebastião de Oliveira Costa, tio-avô de Marcelo

Questionado se a família está preparada para receber a notícia de que foi Marcelo, Oliveira respondeu: "O que a gente pode fazer? A gente não é nenhuma família diferente. Existe fatalidade em qualquer família. Se isso acontecer, nós vamos sofrer bastante, mas vamos ter de aceitar. A gente não pode aceitar assim: estão acusando a criança sem ter provas ainda. Agora, a hora que tiver provas concretas, infelizmente a gente vai ter que aceitar."

A família foi encontrada morta em duas casas no início do mês passado. Os parentes estiveram na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro, para ter acesso aos laudos das cinco mortes. "Nós viemos hoje para saber se tinha uma definição do caso, mas ainda estão faltando exames", disse.

Estão acusando a criança sem ter prova ainda. São 48 pessoas acusando a criança e 30 mil pessoas achando que não foi"
Sebastião de Oliveira Costa
Oliveira afirmou que, mesmo depois de ter acesso a parte dos laudos, não mudou de opinião. "Os laudos ainda não dizem nada. Faltam ser analisados pela polícia. Estão acusando a criança sem ter prova ainda. São 48 pessoas acusando a criança e 30 mil pessoas achando que não foi", disse o tio-avô, citando as testemunhas já ouvidas pela Polícia Civil.
O tio-avô afirmou que a família só teve acesso a alguns exames. "Só apresentaram os exames. Eu não vou falar nada ainda porque faltam alguns laudos. A gente tinha vindo nesse pensamento de poder ter alguma notícia para ficar em paz. O que disseram é que estão aguardandando o resultado de outros exames."
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Para a Polícia Civil, o adolescente Marcelo Pesseghini matou os pais, o sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, a mãe, a cabo Andreia Bovo Pesseghini, a avó materna Benedita de Oliveira Bovo, 67 anos, a tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, 55 anos, e se suicidou, em 5 de agosto.
Os policiais nos falaram para aguardar os laudos e a conclusão da polícia. Até lá, a família continua com a mesma tese: acredita que não foi Marcelo"
Sebastião de Oliveira Costa
Mesmo após ver parte dos laudos e falar com os policiais que investigam o caso, ele manteve a posição de que Marcelo é inocente. "Os policiais nos falaram para aguardar os laudos e a conclusão da polícia. Até lá, a família continua com a mesma tese: acredita que não foi Marcelo. Não tem relatórios ainda provando. A família continua dizendo que não acredita nessa fatalidade", disse.
Ele pediu aos policiais para ter acesso às conclusões do inquérito antes da imprensa. "Quando a polícia tiver a certeza e falar: 'foi Marcelinho', eu vou ser o primeiro a informar para vocês. A gente quer sossego também. A gente quer paz", concluiu o tio-avô.
As mais de 100 páginas de laudos entregues aos responsáveis pela investigação "fortalecem" a suspeita de Marcelo matou a família e se suicidou em seguida, segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck.
Perícia
Peritos ouvidos pelo G1 adiantaram que os exames mostram que as vítimas não foram dopadas e que foi achado "cabelo queimado" no cano da pistola, uma suposta prova do suicídio do garoto. Os peritos concluíram, também, que o jovem sofreu uma distensão muscular na mão esquerda quando atirou.

Em entrevista na terça (3) ao G1, Blazeck confirmou que os laudos da Polícia Técnico-Científica de São Paulo "caminham na mesma direção" da apuração do DHPP. "Os laudos apontam para a mesma linha de investigação, que é a questão da morte seguida de suicídio”, disse. "No sentido geral, eles caminham para o mesmo norte, a mesma linha da investigação. Agora temos de verificar os detalhes de cada um deles, se necessário formar quesitos para alguma dúvida que possa ocorrer", disse.

Assim como a investigação, os testes apontam que o adolescente de 13 anos usou uma pistola .40 da mãe para assassinar os pais, a avó materna, a tia-avó e depois se matar na residência onde a família morava. Todos foram mortos com tiros na cabeça.

Segundo Blazeck, é possível que testemunhas sejam ouvidas novamente para fortalecer a investigação e as provas. "Pode ter divergência de alguns dados, mas, o que eu digo é que, de forma geral, eles corroboram a linha de investigação, eles fortalecem a investigação", disse.
Exame
Apesar de receber os laudos, o DHPP pedirá à Justiça mais 30 dias para concluir o inquérito, já que, além de ter de analisar os documentos, também aguarda o resultado da perícia psiquiátrica que está sendo feita do perfil psicológico de Marcelo Pesseghini para ser anexado ao caso. Esse exame poderá indicar qual foi o motivo dos crimes.

Em entrevista na segunda (2) ao G1 o psiquiatra Guido Palomba, responsável, por essa perícia, afirmou que uma "doença psíquica" levou o adolescente a cometer a chacina e se matar. O nome do transtorno mental será revelado nas próximas semanas.
Ordem das mortes

Peritos e outros policiais civis ouvidos pela equipe de reportagem informaram ainda que os laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico-Legal (IML) foram entregues na sexta-feira (30) e na segunda-feira (2) houve uma reunião para debater seus resultados. Os testes sugerem a ordem das mortes. As primeiras vítimas de Marcelo foram o pai, depois a mãe, a avó materna e a tia-avó, nessa ordem. A chacina e o suicídio teriam ocorriido entre 0h20 e 14h do dia 5 do mês passado.

São mais de 100 páginas de laudos, entre eles o necroscópico e o da cena do local do crime. Enquanto Marcelo morava com os pais num imóvel, a avó e tia-avó residiam em outro, todos no mesmo terreno. Segundo os peritos, por volta da 0h20 Marcelo matou o pai, o sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, com um tiro na cabeça.

O PM estaria dormindo, separado da mulher, num cômodo. Como sofria de apnéia e roncava alto, ele dormia sozinho. Com o barulho do tiro, a mãe, a cabo Andreia Bovo Pesseghini, de 36, acordou e foi ver o que ocorreu com o marido. Nesse momento, ela também foi baleada, mas pelas costas, por um disparo que atingiu sua nuca.

Os peritos dizem que após matar os pais, Marcelo caminhou até a outra residência e matou a avó materna Benedita de Oliveira Bovo, 67, que estaria dormindo, e a tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, 55, que acordou com o barulho do tiro e depois foi atingida por dois disparos. As duas tinham perfurações na cabeça.
Segundo vizinhos disseram à investigação, os últimos disparos foram escutados perto da 0h30. A perícia realizou uma reconstituição acústica que comprovou ser possível escutar o barulho dos tiros efetuados por uma pistola .40, a mesma usada nos crimes.
Suicídio

Análises feitas pelo IC em câmeras de segurança mostram ainda que o garoto foi para a escola onde estudava horas depois do crime, por volta da 0h40.
Para a investigação, ele pegou o carro da mãe, o estacionou perto do Colégio Stella Rodrigues, por volta da 1h, e dormiu no veículo até o horário de entrada, pela manhã. Em seguida, assistiu as aulas e comentou, segundo o depoimento dos colegas, que havia matado a família. Depois, às 13h, Marcelo voltou para a casa de carona com o pai de um amigo. Lá, teria se matado com um tiro na cabeça, por volta das 14h.
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