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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Brasil

População reclama da falta de produtos nas farmácias populares do Rio

As farmácias populares mantidas pelo governo do Rio de Janeiro estão praticamente sem estoque. Na unidade do Méier, na zona norte, a reportagem encontrou as prateleiras vazias, assim como as cadeiras de espera. Os funcionários, que preferem não se identificar, confirmam que faltam muitos medicamentos e produtos entre os 52 oferecidos pelo programa.


A dona de casa Vilma Cabral esteve no local para comprar fraldas geriátricas para o pai, Antônio Gomes Pereira, de 76 anos, e foi informada de que não encontraria o produto. “Eu venho toda semana, duas, três, quatro vezes, e não tem fralda desde o dia 25. A gente paga aqui R$ 8 por quatro pacotes, sai bem em conta. Na drogaria sai a R$ 21, cada pacote. Ninguém explica nada, a gente chega aqui e eles já falam 'não tem fralda', nem deixam a gente entrar”, se queixa.

A aposentada Zilda Amaral de Oliveira, de 70 anos, mora na Ilha do Governador e, há três meses, não encontra a ranitidina, remédio para úlcera no estômago, na farmácia popular do bairro. “No posto da Ilha, eles falam que não estão entregando mais a ranitidina, que é para tomar o omeprazol, que também é para o estômago, que é melhor. O omeprazol também estava em falta, mas agora eu consegui comprar para três meses. A ranitidina tem na farmácia normal, mas é cara, na faixa de R$ 20, fica caro, e lá eu pagava R$ 1, então estou sem tomar”.

De acordo com o Instituto Vital Brasil, responsável pelo Programa Farmácia Popular do Estado do Rio de Janeiro, a distribuição das fraldas sofreu “retração por parte de seu fornecedor, devido a uma quebra de contrato do fabricante”. O diretor administrativo do instituto, Paulo Bravo, explica que a fabricação das fraldas foi prejudicada pela alta do dólar, já que os dois principais insumos usados - o flocgel [um polímero sintético superabsorvente] e a celulose - são importados.

“O flocgel é feito do petróleo, mas a gente ainda não consegue fabricar, e a celulose de fibra mais longa, usada na fralda, também não é fabricada no Brasil. Quando o dólar dispara, o importador fica segurando a importação, para não repassar para o mercado. Ele fica esperando a moeda estabilizar para fazer a cotação dele. E, com isso, a gente sofre, porque a gente compra uma quantidade muito grande de fralda”.

Sobre os medicamentos em falta, o instituto informa que a compra está em processo de licitação, mas que tem encontrado dificuldades em conseguir os três orçamentos exigidos pela lei, e por isso o pregão ainda não foi feito. “É muito difícil trabalhar assim, quando [a empresa] vê que a quantidade é muito grande, o volume é muito grande, ninguém quer expor seu preço. É falta de interesse dos fornecedores”, diz Bravo.

Para ele, pode haver manipulação das empresas para que haja dispensa de licitação. “A prática de mercado é essa. Quando é um outro bem, que é fácil colocar no mercado, a gente consegue cotar, mas quando começa a pedir preço para fazer cotação dos medicamentos, ele [o fornecedor] sabe que não vai vender fácil, ele recebe e diz que não tem disponibilidade. Mas se você disser que é para compra direta, ele te fornece o preço todo”.

O diretor informa que está sendo feita uma compra emergencial para uma quantidade reduzida de 22 medicamentos, entre eles a ranitidina, amoxicilina (antibiótico), o ácido fólico (vitamina B9, suplemento recomendado para grávidas, por ser necessário à formação de proteínas estruturais e hemoglobina) e o aciclovir (antiviral para o tratamento de herpes). O processo deve ser fechado hoje e os produtos estarão disponíveis a partir da semana que vem, segundo o diretor.

Quanto às fraldas, Bravo diz que o fornecedor se comprometeu a entregar o produto também na semana que vem. O Programa Farmácia Popular do Estado do Rio de Janeiro atende a idosos e pessoas com deficiência e tem 60 mil usuários cadastrados. São oferecidos nas 19 unidades da rede, a preços subsidiados, 52 medicamentos e dois tamanhos de fralda geriátrica.
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