Apesar da promessa de estudantes de uma grande faxina para organizar a reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ocupada desde o dia 3 deste mês, a movimentação no prédio era tranquila neste sábado, segundo os seguranças patrimoniais que fazem a vigilância externa do local.
Boa parte das faixas e cartazes com palavras de protestos pendurados na portaria principal e na torre foram retirados. Sobram ainda os papéis colados pelo lado de dentro em cima dos vidros da janela para impedir qualquer visualização. Pedaços de panos e até capachos foram fixados nas janelas que tiveram a vidraça estilhaçada. Uma porta inteira foi colocada sobre uma janela que teve o vidro quebrado e um aparelho de ar-condicionado retirado.
No interior da reitoria, dezenas de poltronas coloridas estão empilhadas, colchões espalhados, papeis presos nas paredes e no chão. Do lado de fora, cadeiras amontoadas formam uma barreira.
O Terra tentou entrar na reitoria, mas foi impedido por um “sentinela” dos manifestantes.
A saída dos ocupantes da reitoria foi decidida pela maioria em assembleia na quarta-feira (16). "A partir de segunda-feira, dia 21, a gente vai realizar a desocupação. Entendo que o momento teve vitórias importantes", disse a coordenadora do DCE Diretório Central dos Estudantes (DCE) Diana Nascimento.
Os quatro dias no local após a decisão de deixar a reitoria, na quarta-feira, seriam suficientes para a faxina e limpeza das pichações e contagem dos danos provocados ao imóvel. O DCE vai arcar com prejuízos, segundo Diana.
De acordo com a coordenadora do DCE, a decisão de deixar o local acontece depois de a universidade acatar a principal das reivindicações dos manifestantes, que é o não convênio da Unicamp com a Polícia Militar para o patrulhamento do campus.
Entretanto, o DCE cobra ainda a não criminalização com punições severas aos estudantes que invadiram a reitoria e os organizadores da festa onde ocorreu a morte do estudante Denis Casagrande, 21 anos.
No próximo dia 21 completa-se um mês que o estudante de automação foi espancado e morreu esfaqueado durante uma festa organizada por alunos dentro do campus.
Após o crime, a Unicamp teria dito que chamaria a Policia Militar para um plano de segurança, o que foi o estopim para o protesto de ocupação da reitoria pelos estudantes.