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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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'O assassino estava dentro de casa', diz promotor sobre morte de Joaquim

Mesmo que o padrasto de Joaquim tenha negado participação no desaparecimento e na morte do menino, não existe a possibilidade de uma terceira pessoa ter entrado na casa, sequestrado e matado a criança. Essa é a tese defendida pelo promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino, que acompanha a investigação do caso. Ele esteve presente durante o depoimento de Guilherme Longo na tarde de quarta-feira (13) e afirmou que o padrasto entrou em contradição diversas vezes. "Nós continuamos trabalhando com a linha de que o assassino estava dentro da casa."


Nicolino disse que Longo contou detalhes sobre o relacionamento com o entenado e a mulher, a psicóloga Natália Ponte, mas não acrescentou fatos importantes para esclarecer a causa da morte de Joaquim, cujo corpo foi encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP), no último domingo (10). "O que ele não explicou é o que aconteceu naquela noite. Ele não demonstrou qualquer interesse em colaborar com as investigações."

Ainda segundo Nicolino, apesar de o padrasto e a mãe do menino, a psicóloga Natália Ponte, negarem envolvimento no caso, a Polícia Civil e o Ministério Público descartam a participação de uma terceira pessoa no crime. "Não temos evidências, não temos indícios, não era possível que outra pessoa tivesse ingressado na casa, retirado o menino dali, não ter feito nada com o menino, nenhum sinal de violência, e jogado esse menino nas águas do rio. A pessoa que fez isso estava dentro da casa", disse.

Sem especificar detalhes sobre o depoimento, o promotor afirmou também que Longo entrou em contradição diversas vezes. Uma delas seria o fato de ter contado que foi Natália quem ligou para a polícia, na manhã do dia 5 de novembro, para comunicar o desaparecimento de Joaquim. Registros da Polícia Militar apontam, porém, que foi o padrasto quem ligou para o telefone 190. "Pelo que eu vi anteriormente, as entrevistas que ele deu, a forma com que ele se pronunciou sobre o caso, hoje não tem alteração nenhuma. Ele continua bastante articulado, bastante calmo em relação a tudo isso."

Nicolino disse que a realização de uma acareação entre Natália e Longo não deve acontecer nesse momento de investigações, mas confirma que a reconstituição do que aconteceu na casa da família, na madrugada em que Joaquim desapareceu, será realizada nos próximos dias. "A medida em que as provas periciais forem ficando prontas, que nós tivermos acesso aos laudos, a polícia tem interesse em ouvir o casal novamente. Ainda temos vários laudos periciais pendentes."

Depoimento
O advogado de defesa de Longo, Antônio Carlos Oliveira, contou que o padrasto de Joaquim se manteve sereno durante o depoimento nesta quarta-feira e e disse não ter conhecimento do que pode ter acontecido na madrugada em o menino desapareceu de dentro de casa. “O que tem é que ele [padrasto] saiu de casa para buscar droga e deixou a porta aberta, trancando o portão. Quando ele voltou, o menino não estava mais”, afirmou.

Ainda segundo Oliveira, o padrasto negou que sentia ciúme de Joaquim e as agressões relatadas por Natália em depoimento à polícia. Com relação ao fato de que imagens de câmeras de segurança registraram o pai de Guilherme indo à casa da família na noite do sumiço de Joaquim, o advogado afirmou que Dimas Longo demonstrou apenas preocupação, porque durante o dia teria levado o filho ao hospital, após uma tentativa de suicídio.

Sobre a aplicação de 30 unidades de insulina em si mesmo, Longo afirmou que fez a autoaplicação semanas antes do desaparecimento de Joaquim porque havia feito uso de quatro cápsulas de cocaína, obtidas na troca de um celular. “Foi uma situação de desespero. Passando o efeito dessa substância entorpecente, e entendendo os efeitos da insulina, ele se autoaplicou 30 unidades. Para a esposa ele tinha dito que iria aplicar duas. Isso porque conhecendo os efeitos da insulina, ele acreditava que poderia se acalmar, poderia ficar mais calmo evitando a fissura, a vontade de consumir drogas cada vez mais.”
O caso
Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, desapareceu de dentro da casa onde morava com a mãe e o padrasto, no bairro Jardim Independência, em Ribeirão Preto, na madrugada de 5 de novembro. O corpo foi encontrado cinco dias depois, boiando no Rio Pardo. O enterro do menino ocorreu na segunda-feira (11) em São Joaquim da Barra (SP), cidade natal da mãe, Natália Ponte.
Em depoimento após a prisão, Natália Ponte afirmou à polícia que Longo teria tentado se matar no domingo (3), dois dias antes do desaparecimento do garoto, aplicando em si mesmo a insulina que era utilizada no tratamento do enteado, que sofria de diabetes. Para o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino a afirmação demonstra que Joaquim pode ter sido morto por superdosagem do medicamento no sangue.
Natália também afirmou que estava sendo ameaçada de morte por Longo porque queria se separar dele, já que ele havia voltado a usar cocaína. O casal, segundo o promotor, brigava com frequência porque Longo tinha ciúmes de Joaquim.
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