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Domingo, 21 de julho de 2024

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'Tenho muita esperança no Brasil', diz imigrante no Acre

Funcionário de uma aduana na cidade de Santo Domingo, na República Dominicana, Lázaro Vargas, de 50 anos, começou a prestar atenção ao grande número de pessoas que estavam deixando tudo para trás pela chance de melhorar de vida no Brasil. Tantos casos o deixaram intrigado, até que no final de 2013, ele resolveu deixar a mulher e os seis filhos para tentar a sorte além das fronteiras.


A viagem até a cidade de Brasiléia, no interior do Acre, durou uma semana e, apesar de exaustiva e arriscada, para Vargas valeu a pena. "Tenho muita esperança no Brasil para conseguir melhorar de vida", diz o imigrante que faz planos para trazer a família, assim que conseguir um emprego e se estabilizar no país.

De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre, o número de imigrantes que chegam ao Brasil pela fronteira do Peru com o Acre quase triplicou em uma semana. Atualmente, no abrigo mantido pelo Governo do Estado do Acre em Brasiléia, existem 80 senegaleses e 12 dominicanos.

Porém, a grande maioria dos imigrantes ainda é formada por haitianos que tentam refazer suas vidas e fugir da miséria que atinge o Haiti, quatro anos após um terremoto ter devastado Porto Príncipe, capital do país. Até está quarta-feira (15) eram 1.200, número que cresce a cada dia e que já fez com que o secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, pedisse o fechamento da fronteira.

Um desses haitianos é o pedreiro Jimmy Leon, de 45 anos. Para ele, deixar a terra natal é algo comum. Leon já havia deixado o Haiti durante 22 anos para morar na República Dominicana, voltou pouco antes do terremoto em 2010 e resolveu vir para o Brasil em dezembro do ano passado. Sem família, ele diz que veio em busca de estabilidade. "Queria um trabalho melhor e mais definitivo", diz.
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Superlotação
Com capacidade para cerca de 300 pessoas, o abrigo em Brasiléia enfrenta uma superlotação. Para o representante da Secretaria de Direitos Humanos no município, Damião Borges, responsável pelo abrigo e pelo atendimento aos imigrantes nos últimos três anos, uma série de fatores contribuem para esse aumento expressivo.

"Todo final de ano eles acham que a fronteira vai fechar, aí vem chegando. Mas o problema maior é que a República Dominicana não está permitindo que os haitianos fiquem lá, aí vem todos para cá. Além disso, as empresas que costumam contratá-los não vem muito nesse período do ano e eles ficam esperando", explica.

Para ele, fechar a fronteira não resolveria o problema da imigração, mas reforça que seria importante que os países vizinhos do Brasil e que fazem parte da rota de imigração, como Equador e Peru, exigissem que os imigrantes apresentassem seus vistos de trabalho para passar pelas fronteiras.

"Se a pessoa vier com visto de trabalho não precisa nem passar pelo Acre. Pode sair direto do Haiti e da República Dominicana e ir direto para outras cidades", explica.

Conflitos
Com a superlotação crescem ainda os relatos de conflitos entre os imigrantes. No começo de janeiro, um grupo de três acabou sendo detido pela polícia, após uma discussão por causa de um colchão. Borges, no entanto, diz que embora discussões ocorram, não existem ocorrências graves.

"Imagine que são mais de mil pessoas no abrigo, se fossem brasileiros já teria tido até morte. As discussões acontecem, mas porque é muita gente e muita gente de diferentes regiões. Não é por causa de colchão, mas porque eles têm rixas entre si e isso só acontece porque não tinha necessidade de eles virem por essa rota", finaliza.

O governador do Acre, Tião Viana (PT-AC) estará nesta quinta-feira (16), em Brasília, e deve ir até o Ministério da Justiça levar os dados e discutir a situação dos imigrantes no estado. Apesar do pedido de fechamento da fronteira feito pelo secretário Nilson Mourão, a assessoria do Governo diz que ainda não existe nenhum pedido oficial nesse sentido.
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