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Domingo, 21 de julho de 2024

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Sumiço de grupo na Transamazônica completa um mês, no Sul do AM

O desaparecimento de Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro, que sumiram na BR-230 (Transamazônica) no dia 16 de dezembro de 2013, completou um mês nesta quinta-feira (16). O sumiço, que desencadeou os conflitos entre indígenas da etnia Tenharim e não-índios em Humaitá, no Sul do Amazonas, ainda não foi esclarecido e as buscas pelos homens continuam.

Nos últimos 30 dias, a população de Humaitá, município a 590 km de Manaus, viveu momentos de instabilidade. O conflito na região aumentou com o desaparecimento dos três homens, que são moradores do Distrito Santo Antônio do Matupi - comunidade do município de Manicoré -, situado a 180 km de Humaitá.
Há suspeita de que o grupo tenha desaparecido quando passava por um trecho da Transamazônica situado nas proximidades das terras indígenas Tenharim Marmelos. A população acusa os índios pelo sumiço. Segundo os moradores, os crimes seriam uma retaliação pela morte do cacique Ivan Tenharim, cujo corpo foi encontrado em um trecho da rodovia com sinais de espancamento no início do mês de dezembro. Os índios negam envolvimento no caso.

Moradores dos municípios de Apuí e Humaitá promoveram diversas manifestações no dia 25, Natal de 2013, para cobra agilidade da Polícia Federal em Rondônia (PF-RO) nas buscas pelos desaparecidos. Os manifestantes chegaram a atear fogo em carros e nas sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Humaitá. No dia seguinte, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Amazonas seguiram para o município.
Após os ataques, 143 indígenas foram abrigados no 54º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em Humaitá. A Justiça atendeu ação do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) e os índios retornaram às aldeias seis depois com a escolta do Exército.
Apesar do reforço policial, o Sul do estado continuou registrando conflitos. Um grupo de madeireiros e fazendeiros ateou fogo em casas localizadas em uma aldeia indígena situada na área do município de Manicoré.
A região recebeu mais reforço da Polícia Federal e homens da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) auxiliaram nas ações de segurança pública desencadeadas no Amazonas no mesmo período. O Exército e Polícia Rodoviária Federal (PRF) também apoiam as ações na região. Cerca de 500 homens atuam nas operações.

Lideranças indígenas dizem que pedágio vai voltar no Sul do AM (Foto: Larissa Matarésio/G1 AM)
População do Sul do Amazonas cobra fim do pedágio na Rodovia Transamazônica, que continua suspenso (Foto: Larissa Matarésio/G1 AM)
No dia 3 de janeiro, equipes dos órgãos de segurança que participam das buscas pelos homens encontraram vestígios de um veículo incendiado, segundo nota divulgada pela Polícia Federal em Rondônia. Nenhum dos desaparecidos foi encontrado. As peças encontradas ainda passam por análise para confirmar se são do mesmo veículo dos desaparecidos.
O delegado da PF-RO, Alexandre Alves, que comanda as operações de buscas, disse que a polícia aguarda uma resposta para identificação das peças recolhidas e se realmente são do veículo que está sendo procurado.

A cobrança de pedágio feita pelos índios em um trecho da Transamazônica está entre os motivos da confusão. Os Tenharim suspenderam a cobrança. Entretanto, a divulgação de que eles estão planejando retornar com a taxa a partir de fevereiro motivou novos protestos. Moradores de Humaitá iniciaram a coleta de assinaturas para pedir que a prática seja totalmente abolida.
Após uma negociação entre os indígenas e representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República, ficou definido que a cobrança de pedágio continuará suspensa até que as políticas públicas solicitadas ao governo federal sejam analisadas.
Nesta semana, prefeitos e representantes de dez municípios que integram a região do Sul do Amazonas se reuniram com integrantes de órgãos estaduais e federais. Durante a reunião foi lançada a "Carta de Humaitá", um documento que solicita a presença permanente da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal (PRF) na região. No dia 13, o Ministério da Justiça determinou a permanência da Força Nacional de Segurança Pública por mais 90 dias em Humaitá. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
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