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Domingo, 21 de julho de 2024

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RS: para dono de boate, medidas de segurança seguem ineficientes

As marcas deixadas pela tragédia da Boate Kiss na cidade de Santa Maria (RS) ainda ecoam um ano depois, principalmente para aqueles que frequentam ou vivem da noite na cidade. Para os empresários, o maior temor não é a rigidez da fiscalização do Corpo de Bombeiros, mas sim o simples pensamento de que aquilo poderia ter acontecido com qualquer um deles, segundo foi relatado ao Terra na madrugada deste sábado em visita a casas noturnas da cidade.


"Esse é o maior medo (dos empresários da noite), de que aconteça aquilo que aconteceu com eles", afirma o empresário André Vitor Ramos, proprietário do Mariachis Bar, uma das boates mais badaladas atualmente em Santa Maria, referindo-se a Kiko Spohr e Mauro Hoffmann, proprietários da Kiss.

A casa noturna de Ramos tinha sido fechada antes do incêndio da Kiss e foi reaberta em outubro do ano passado, mas o empresário afirma que não notou muitas mudanças no que os bombeiros exigiam, apenas na tolerância, que passou a ser menor: "eles simplesmente passaram a exigir o que a lei determina", afirma.

Ramos diz que sua maior preocupação na reforma para a abertura da casa foi a combustibilidade dos materiais usados. "Tive uma preocupação muito grande com isso, usamos tinta não inflamável, gesso, lã de pedra, pela questão do som, mas foi tudo de acordo com a lei." Para a saída de emergência do segundo piso, o empresário teve que alugar a casa ao lado, por exigência dos bombeiros.

Além disso, a pirotecnia foi banida das casas noturnas da cidade, afirma Ramos. "Acho que mais ninguém usa aquilo, porque mesmo que seja usado o frio (adequado para locais fechados), imagina o impacto que aquilo tem hoje", ressaltou.

Recentemente a cidade de Santa Maria aprovou uma lei que determina que as casas noturnas devam instalar placares na porta informando a capacidade e a lotação no momento. Ramos resume em uma frase irônica o que pensa da lei: "isso é uma piada, né?".

"Como ele (o prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer) promulga uma lei sem regulamentar, sem dizer qual é o equipamento que deve ser instalado, se deve ser aprovado pelo Inmetro, se pode ser uma pessoa mudando placar manualmente, de como vai ser feita essa contabilização? Eles deveriam cobrar a informatização, fazendo o registro das pessoas, se algum fiscal vier aqui, eu mostro no computador quantas pessoas estão dentro da casa, tenho controle de tudo, nome, documento", justifica.



Ramos conhece tanto Kiko quando Mauro Hoffmann, os proprietários da Kiss, já trabalhou com o segundo, mas diz que hoje só sabe deles pela imprensa. "O Mauro sumiu, nunca mais vi, e o Kiko só soube dele pela entrevista que deu recentemente", afirma André.

Depois do incêndio da Kiss, muitas casa noturnas de Santa Maria fecharam, o que abriu uma demanda por novos estabelecimentos, que, aparentemente, parecem preocupados em se adequar ao que diz a lei, mas principalmente empenhados em evitar uma nova tragédia como a ocorrida em janeiro de 2013.
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