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Domingo, 21 de julho de 2024

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Jovem baleado por policiais após ato em São Paulo recobra consciência

O estoquista Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, baleado por policiais militares durante protesto de sábado, recobrou a consciência e já estava falando na manhã terça-feira (28).

Mesmo assim, Chaves segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na Santa Casa, região de Santa Cecília, Centro de São Paulo. O caso está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil.
Ao telefonar para a família de Fabrício, o G1 contou para o irmão e a mãe sobre a melhora do jovem. A dona de casa Evanise Nunes, 52 anos, ficou muito emocionada e chorou intensamente. "Fiquei muito feliz, só quero que meu filho sare", disse.

De acordo com a Santa Casa, onde Fabrício está internado, ele tomou dois tiros. Um deles atingiu o tórax, provocando hemorragia interna, e o outro, a base do pênis. Ele perdeu um testículo, passou por cirurgia, saiu do coma induzido e já não precisa da ajuda de aparelhos para respirar. Até a noite deste domingo, havia PMs fazendo escolta do jovem no hospital, mas não há mais policiais nesta segunda.
A Polícia Militar informou que ele foi baleado após tentar atingir um policial na Rua Sabará, na altura no número 100. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Chaves e um outro manifestante foram identificados como adeptos da tática "black bloc" e agiram mascarados durante protesto contra a Copa realizado em São Paulo.
Após os tumultos no Centro, a dupla foi seguida pela polícia. Ao ser abordado, um rapaz cujo nome não foi divulgado se entregou, enquanto Chaves reagiu e feriu um policial militar, segundo a Secretaria de Segurança. A secretaria diz que, na mochila de Chaves, foi localizado um artefato explosivo feito com uma lata de cerveja.

Segundo mostrou com exclusividade o Fantástico, Fabrício foi perseguido por dois policiais militares. Um dos policiais cai e Fabrício vai em direção a ele. O outro policial saca a arma. Não é possível saber o momento dos disparos ou saber se Fabrício segurava um estilete na mão, como havia informado a Polícia Militar. Em determinado momento, Fabrício se levanta, anda e cai mais à frente.
A Corregedoria da Polícia Militar investiga a conduta dos PMs. "As primeiras imagens a que tivemos acesso nos dão conta que os dois policiais agiram em legítima defesa. Porém eu gostaria de deixar claro que, se houve excesso, a Polícia Militar não compactua com tal tipo de conduta e que efetivamente elas serão apuradas, se necessárias, com o devido rigor", afirmou o comandante da Polícia Militar da área metropolitana, Celso Pinheiro.
Os vizinhos disseram que o estudante foi socorrido em um carro da Polícia Militar, o que contraria uma determinação da Secretaria de Segurança de São Paulo.

A recomendação, em muitos casos, é para aguardar o serviço de emergência. Porém, a corporação informou que os policiais resolveram fazer o socorro porque o rapaz sangrava muito.
De acordo com uma moradora de Higienópolis, que preferiu não se identificar, o caso ocorreu por volta das 23h. Moradores ouviram três disparos e foram para rua acompanhar a movimentação. “Achei que eram fogos. Alguém gritou ‘mata mesmo’“, relata a testemunha.
'Agiu corretamente'
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse nesta segunda-feira (27) que “a polícia agiu corretamente” na ação. “A polícia tem que agir quando há quebra da ordem”, afirmou o secretário.
Grella disse que o jovem não era um manifestante. "Não acho que seja manifestante quem anda com estilete, com materiais supostamente explosivos, com bolinhas de gude. Não acho que sejam pessoas dadas a manifestações”, declarou.
“As imagens são de uma agressão que, em tese, justificaria a legítima defesa. Esses fato e outros individuais evidentemente que serão apurados”, completou Grella. A polícia diz que o jovem carregava um artefato que aparentava ser explosivo, mas que apenas durante as investigações poderá ser concluído o que é o objeto.
Manifestação na região central
Na noite de sábado, uma manifestação contra a Copa do Mundo foi realizada na cidade de São Paulo. O ato, que começou pacífico e chegou a reunir 2,5 mil pessoas, terminou em vandalismo no Centro da capital paulista. Lá, manifestantes mascarados destruíram vidraças de agências bancárias, concessionárias e carros.

O ponto onde ocorreu a abordagem policial contra Fabrício Chaves fica na mesma área da cidade onde ocorreram os protestos. O bairro de Higienópolis é vizinho à Consolação, onde estiveram concentrados os atos de vandalismo.

Ao todo, 135 pessoas foram detidas. Todas foram liberadas até a manhã deste domingo (26). A tropa de Choque da PM deteve parte dos manifestantes em um hotel na Rua Augusta, onde agentes realizaram um cerco e chegaram a realizar disparos na recepção.
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