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Domingo, 21 de julho de 2024

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Colega conta que Caio ligou e disse ter matado um homem, diz polícia

O delegado Maurício Luciano, responsável pelo inquérito sobre a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, ouviu os últimos depoimentos do caso nesta quinta-feira (13) na 17ª DP (São Cristóvão). Segundo ele, um colega de Caio Silva de Souza no Hospital Rocha Faria, onde o suspeito trabalhava como auxiliar serviços gerais, contou na delegacia que no dia 6, durante o protesto em que o crime ocorreu, Caio telefonou por volta das 19h30, ofegante, dizendo que tinha feito besteira e matado um homem.


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Luciano disse que já havia ouvido o funcionário do hospital informalmente, mas nesta quinta ele faz o depoimento formal. Caio está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, assim como Fábio Raposo, também suspeito de participar do crime.

O delegado explicou que a denúncia contra os dois suspeitos continua sendo por homicídio doloso eventual — quando a intenção não é direta, mas o autor assume o risco de matar. "O dolo se divide em dolo direto e eventual. Eles estão no eventual. Os dois fizeram um trabalho em conjunto, em comunhão de esforços, não importando quem acendeu", declarou Luciano, se dizendo "satisfeito" ao saber que a promotora que vai receber o inquérito teria dito que, no entendimento dela, o caso também se enquadra em dolo eventual.

Financiamento

O inquérito sobre o suposto financiamento de grupos e participação de partidos políticos no protesto não será feito pelo delegado Maurício Luciano. A afirmação foi feita por ele durante a entrevista coletiva.

Sobre citação de partidos, o delegado disse que está no depoimento do Caio dado nesta quinta-feira, no presídio, mas não altera em nada o inquérito, que deve ser enviado nesta sexta-feira (14).

"O que nós temos aqui são provas robustas de testemunhas e materialidade do crime. Essa investigação não pode ser contaminada. Não posso trazer ingredientes politicos para cá", explicou.
Caio nega em depoimento
Caio, de 22 anos, negou em depoimento ter acendido o rojão que causou a morte de um cinegrafista e jogou a culpa em Raposo, de acordo com reportagem do jornal "Extra" (leia aqui). A versão difere do que o suspeito havia afirmado horas antes à TV Globo na Bahia, onde foi preso. Em entrevista à reporter Bette Lucchese, ele disse que acendeu o rojão junto com Raposo. "Acendi sim", admitiu o jovem.

Segundo o jornal, a afirmação de Caio foi feita em depoimento dado à polícia no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, aonde chegou na tarde de quarta-feira (12) para cumprir prisão temporária de 30 dias. Caio também já havia sido questionado antes pela polícia, ao chegar ao Rio de Janeiro, e tinha optado por não falar sobre o caso, usando o direito constitucional de só se pronunciar em juízo. No entanto, mudou de ideia depois.

O Jornal Extra teve acesso ao documento, em que Caio, acusa Fábio Raposo de ter acendido o rojão. O suspeito diz que pegou o artefato, já aceso, das mãos de Raposo, e apenas o colocou no chão. Além disso, no depoimento, Caio disse que acreditava que o artefato fosse um sinalizador, e não um "cabeção de nego" como havia dito anteriormente à repórter da TV Globo Bette Lucchese.

Nova versão não altera a situação
O titular da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, em entrevista à GloboNews, confirmou que Caio prestou depoimento à polícia mas não revelou o teor do documento. Ainda de acordo com o delegado, o fato de Caio afirmar que foi Fábio quem acendeu o artefato não muda os rumos da investigação.

“Juridicamente pouco importa se foi o Fábio que atiçou e o Caio acendeu ou vice-versa. Ambos são coautores. Houve divisão de tarefa com um objetivo em comum. Então, não haverá necessidade de acareação. Pode ser que lá na frente, durante a instrução criminal, na primeira fase do Tribunal de Júri, o juiz sinta a vontade de confrontá-los. Neste momento, é desnecessário, não vamos mudar o nosso objetivo de concluir este inquérito amanhã [sexta-feira (14)]. Para nós da Polícia Civil, não há qualquer relevância agora nos atermos a estes detalhes”, disse Maurício Luciano.

Suspeitos se acusam

Em entrevista à Rádio CBN, o advogado de Fábio e Caio, Jonas Tadeu, negou, inicialmente, a existência do depoimento. Em seguida, voltou atrás, e afirmou que não tinha conhecimento sobre o documento. Diante disso, o advogado admitiu a possibilidade de deixar o caso, uma vez que as versões de seus clientes sobre o crime não coincidem.

"Não tenho conhecimento deste depoimento. Vou estar com ele [Caio] daqui a pouco e saber se este depoimento foi prestado. Até o presente momento não tenho nenhum conhecimento de uma colisão [de depoimento] dos dois [Caio e Fábio]. Aí, [se houver], claro, não pode haver uma única defesa. Teria que optar [por um dos clientes] ou deixar a causa", disse Jonas Tadeu.

Manifestantes aliciados
A entrevista à repórter Bette Lucchese e o depoimento à polícia tiveram um ponto em comum: a questão do aliciamento político de manifestantes. Em ambas as situações, Caio Silva de Souza afirmou há financiadores que pagam jovens para participar de protestos, mas negou conhecer estas pessoas.

O advogado de Caio, Jonas Tadeu, já havia declarado à repórter da TV Globo Bette Lucchese que o jovem recebia R$ 150 reais por manifestação. Segundo ele, o jovem usava o dinheiro para ajudar a mãe nas despesas.

A respeito das suspeitas de aliciamento de jovens para protestos, o delegado Maurício Luciano disse à GloboNews que as informações estão sendo investigadas.

“Este procedimento está sobre a orientação da Coordenação do Chefe de Polícia e eu não sou responsável por ele, então, eu não posso falar sobre uma investigação que não está sobre a minha presidência. A Polícia Civil vai investigar todas essas circunstâncias, porque o que, na verdade, vai interessar à Polícia Civil são esses supostos pagamentos, remuneração, patrocínio de quem quer que seja que se destine a atos de vandalismo, de hostildade, de violência O que é crime é patrocinar manifestações violentas”, afirmou o delegado.
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