Reportagem de Sergio Torres, publicada na edição de hoje da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL), informa que há indícios de que um esqueleto exumado em 2001 no cemitério de Xambioá (TO) pertence ao guerrilheiro italiano Libero Giancarlo Castiglia, o Joca, único estrangeiro que participou da guerrilha do Araguaia nos anos 70 no Brasil. O italiano, que foi um dos primeiros a ir para o Araguaia, está desaparecido desde dezembro de 1973. Ele tinha 29 anos na época.
O esqueleto estava a 2 m de profundidade, em área vizinha ao local onde foram desenterradas as ossadas de Maria Lúcia Petit e Bergson Gurjão Farias --os os únicos guerrilheiros identificados pelo governo federal até agora. Existem ainda cerca de 60 desaparecidos.
De acordo com a reportagem, o esqueleto tinha braços para frente, como se tivessem sido amarrados e faltavam os ossos das mãos --indica uma separação do cadáver. Os antropólogos forenses recolheram uma ceroula de lã italiana sobre os ossos --roupa inusual na região do Araguaia.
A suspeita é reforçada pelas declarações do major Sebastião Curió --que participou da repressão à guerrilha do então clandestino PC do B--, de que o italiano teve as mãos decepadas.
A guerrilha
O episódio histórico conhecido como guerrilha do Araguaia aconteceu na segunda metade dos anos 60 e na primeira dos 70. Adepto da luta armada contra o regime militar, o PC do B enviou para o Araguaia cerca de 70 militantes, a maioria jovens.
Eles tinham a incumbência de iniciar um movimento, inspirado na revolução ocorrida na China nas décadas de 20, 30 e 40, que resultaria, na concepção dos dirigentes comunistas, na queda do governo militar.
Tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica enviadas à floresta dizimaram os guerrilheiros. Até hoje não se sabe o paradeiro dos corpos.