Olhar Direto

Domingo, 21 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Investigação aponta invasão da costa do Rio por coral assassino

vApontada como uma das maiores ameaças aos ecossistemas costeiros do Brasil, a bioinvasão pelo coral-sol, que começou pela Baía da Ilha Grande e já teria se espalhado por todo o litoral fluminense, será discutida numa audiência pública, convocada por três procuradores da República, nesta segunda-feira, no Rio. Segundo investigação preliminar do Ministério Público Federal, o coral-sol, conhecido como coral assassino e que expulsa espécies nativas, entrou acidentalmente no Brasil através de plataformas de petróleo e gás encomendadas pela Petrobras, que passaram pelo Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. Ainda de acordo com o MPF, a costa de Angra, Paraty, Mangaratiba, Rio, Arraial do Cabo e Búzios já estaria contaminada.


O sinal de alerta no MPF foi dado em 2012 por Monique Cheker, procuradora da República de Angra, durante uma visita à Estação Ecológica de Tamoios. A região da Baía da Ilha Grande é a mais afetada porque a temperatura da água é mais elevada, principalmente nas proximidades das usinas nucleares, o que facilitaria a proliferação da espécie. Foi instaurado um inquérito civil público que levou à identificação de alguns locais da costa de Angra já contaminados: os terminais da Petrobras, da Brasfels e da Vale.

Danos incluem redução do número de peixes em áreas afetadas

A audiência pública desta segunda-feira foi convocada por Monique Cheker e pelos procuradores Douglas Araújo e Maurício Ribeiro Manso, do Rio e de São Pedro da Aldeia. A procuradora afirmou que os objetivos da audiência pública são, de forma imediata, informar a sociedade civil sobre o problema e convidar todos que tenham informações úteis para a investigação dos inquéritos instaurados pelo MPF em Angra, no Rio e na Região dos Lagos.

O coral-sol, segundo especialistas ouvidos pelo MPF, provoca a perda da biodiversidade e a fragilização dos recursos pesqueiros, além de outros impactos sociais e ambientais.

Para a audiência pública, foram convocados Petrobras, Ibama, ICMBio, Inea, Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, Estaleiro Brasfels, Vale, Uerj e Consórcio Projeto Coral-Sol.

— Através dos inquéritos, vamos identificar causas e responsáveis e, ao fim, compensar e paralisar o dano ambiental — disse a procuradora.

O biólogo marinho Vinicius Padula, doutorando da Universidade de Munique, na Alemanha, disse que a bioinvasão é grave. Segundo ele, na Ilha Grande, o coral já cobriu boa parte do fundo do mar e ocupou o espaço das espécies nativas:

— A audiência pública é um avanço no combate a esse problema.

Origem: Ilhas Galápagos
Um dos integrantes do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos, o biólogo Salvatore Siciliano disse que o coral-sol é originário das Ilhas Galápagos. Os primeiros foram identificados há dez anos na Baía da Ilha Grande, mas os corais assassinos, segundo ele, já se dispersaram por boa parte do Sudeste.

— A invasão pode provocar danos às espécies locais, que passam a competir por espaço e alimento. Essa espécie pegou carona nos cascos de navios e plataformas de petróleo, e o aumento do fluxo de navios só facilita essa dispersão.

A audiência pública será das 13h às 18h30m, no auditório da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, na Avenida Nilo Peçanha 31, no Centro. A participação será limitada à capacidade do auditório.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet