Uma mulher de 28 anos foi presa em flagrante em Mairinque, no interior de São Paulo, na quarta-feira, suspeita de deixar o próprio pai morrer depois de ficar sem os cuidados médicos necessários, sem alimentação e sem água. Segundo a Polícia Civil, a suspeita acionou uma ambulância ao perceber que Carlos Donizete da Silva, 56 anos, não estava respirando. Ele foi levado ao hospital da cidade, mas não resistiu.

Ao se depararem com tal situação os funcionários do hospital acionaram a polícia. O caso gerou comoção no local. Ele estava bastante desnutrido, sujo e com escaras pelo corpo. A delegada que investiga o caso, Simona Ricci Anzuíno, estima que Carlos Donizete estava pesando apenas 30 quilos. “É inacreditável, estava esquelético. Na foto do RG (carteira de identidade) era um homem forte e também me parecia ser alto. Ele morreu por falta de água e de comida”, contou.

Ela relata ainda que Karina Elisabete da Silva, que é filha única, cuidava do pai há dois anos. “Ele sofreu uma queda há dois anos e fraturou uma perna. Depois passou a ter dificuldade para se locomover e ficou acamado. Ela não trabalhava, disse que largou tudo para cuidar do pai e que vivia da aposentadoria que ele recebia”, disse.

Médica, assistente social e uma enfermeira que atenderam a vítima prestaram depoimento à Polícia Civil de Mairinque na tarde de ontem, bem como a filha da vítima que, segundo a delegada, demonstrou frieza. “Ela disse que procurou atendimento pra ele várias vezes, mas os médicos atendiam e o liberavam. Alegou que também procurou um médico da família de uma unidade de saúde, mas isso também está sob investigação ainda. Os médicos também podem ser responsabilizados nesse caso se for comprovado que não houve atendimento necessário”, explicou.

A mulher foi presa em flagrante por abandono de incapaz qualificado, devido a morte do homem, além de abandono material. Ela foi encaminhada à cadeia de Votorantim (SP). O corpo da vítima será sepultado nesta quinta-feira no cemitério municipal de Mairinque.