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Sábado, 20 de julho de 2024

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É prematuro falar em causas, diz engenheiro após queda de viaduto

O engenheiro e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas (Ibape), Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, disse nesta sexta-feira (4) que é “prematuro” falar sobre as causas do desabamento do viaduto na Avenida Pedro I, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, ocorrido nesta quinta (3). “Isso é uma situação ainda muito prévia de análise”, contou o especialista.


Dois caminhões, um carro e um micro-ônibus foram atingidos pela estrutura. A motorista do ônibus e o homem que estava no veículo de passeio morreram no local e, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 23 pessoas ficaram feridas.

Em entrevista, o especialista levantou alguns elementos que podem ter influenciado na queda. “Causas naturais de solo, possibilidade de erro de projeto, erro de execução, falhas nos materiais que foram aplicados, isoladamente ou uma combinação de um ou mais desses fatores”, listou Clémenceau. Segundo ele, a suposta retirada precoce de escoras também pode ser um fator.

O engenheiro, que vai participar dos trabalhos para investigar as causas do desabamento, contou que, em uma análise inicial nesta quinta, não verificou nenhuma ruptura dos pilares da estrutura. Conforme o especialista, o Ibape vai trabalhar em conjunto com a Defesa Civil, a Polícia Federal e a Polícia Civil, que vai coordenar a perícia. Para os órgãos responsáveis, as causas do acidente ainda são desconhecidas.

Clémenceau Júnior falou também a respeito da liberação do trânsito sob a estrutura. De acordo com ele, essa era uma medida que só poderia ser tomada se houvesse a garantia de segurança. “O trânsito poderia ter sido liberado se houvessem parâmetros seguros de controle de qualidade da obra que permitisse isso”, disse. Ele destacou que não fez o acompanhamento desta obra, e que, portanto, não tem conhecimento sobre o controle de qualidade realizado no caso.

Para o vice-presidente do Ibape, é recomendado que a prefeitura da capital realize vistorias nos outros viadutos da cidade, sobretudo, para dar à população uma sensação de maior segurança. A respeito dessa medida, a administração municipal informou que ainda não tem uma posição.

Desabamento

O viaduto, que saía da Rua Olímpio Mourão e passava sobre a Avenida Pedro I, estava em construção e, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, seria inaugurado neste mês. O acidente aconteceu na Região da Pampulha, onde está o estádio Mineirão, que vai receber uma partida da semifinal da Copa do Mundo na próxima terça-feira (8). A Avenida Pedro I é uma das vias de acesso ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, esteve no local do desabamento e disse que ainda é prematuro apurar responsabilidades. "Não sabemos se é falha de projeto ou de construção", disse o chefe do Executivo, que afirmou ainda que a administração está empenhada em prestar assistência às vítimas. O prefeito decretou luto oficial de três dias na cidade.

Um segundo viaduto também está sendo construído ao lado do que desabou. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma vistoria verificou que a estrutura deste segundo elevado foi abalada com a queda do primeiro. Partes do viaduto foram escoradas para evitar novos desabamentos.

A Construtora Cowan, responsável pela obra, lamentou o acidente em nota e disse que iria prestar apoio às vítimas. "A Cowan lamenta profundamente o ocorrido com o viaduto sobre a Avenida Pedro I. Neste momento, a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares. A empresa informa que já enviou ao local a equipe técnica para iniciar as investigações", informa a nota.

A obra faz parte da meta 2 do Plano de Mobilidade do BRT, que seria usada durante a Copa do Mundo. Segundo a Secretaria Extraordinária da Copa, a Secopa, a construção tem verba federal, mas era executada pela Prefeitura de Belo Horizonte. O valor desta etapa da obra é de R$ 460 milhões, e, até agora, já foram executados R$ 445 milhões.

Vítimas e testemunhas

A motorista do ônibus era Hanna Cristina Santos, de 25 anos. Ela tinha uma filha de cinco anos, que estava dentro do veículo no momento do acidente. O ex-marido de Hanna, Ederson Elisiano, esteve no Hospital Risoleta Neves para ver a filha. Ele contou que a criança faz aniversário na próxima semana. “Eu não sei como vou fazer, pois ela é muito apegada a mãe”, disse. A menina não se feriu com gravidade.

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