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Sábado, 20 de julho de 2024

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Sem trabalho, ganeses jogam até sinuca para passar tempo no RS

Os ganeses que chegaram a Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, há duas semanas, reclamam que não têm o que fazer enquanto esperam os documentos que possibilitam a permanência no Brasil. Alojados no Seminário Nossa Senhora Aparecida, estão com o tempo ocioso. Para passar os dias, eles dormem, comem, tomam banho e até improvisam partidas de sinuca. Sem visto ou protocolo de permanência, o grupo não pode trabalhar no país.

A principal preocupação são as famílias que ficaram em Gana e precisam de ajuda financeira. Eles passam os dias inteiros dentro de um ginásio e preferem não sair para conhecer a cidade com medo de se perder, afinal, não falam português.

Segundo as autoridades, promessas de trabalho, facilidades para conseguir o protocolo de refugiado e uma rede de assistência aos imigrantes são os principais atrativos de Caxias do Sul para os ganeses que desembarcam em busca de uma nova vida no Brasil. Gana vive uma crise econômica. A rapidez na emissão do protocolo de refúgio na cidade da Serra também atrai imigrantes de vários estados do país, como Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Muitos chegam apenas para buscar o documento, sem interesse em permanecer na cidade.

Alguns ganeses, que trouxeram telefone celular, escutam música e olham, incansavelmente, fotos dos familiares. Outros ocupam o tempo rezando e planejando o que vão fazer assim que os documentos ficarem prontos na Polícia Federal. O protoloco de permanência demora, no mínimo, uma semana.

No andar de cima do ginásio, estão dezenas de colchões espalhados com cobertores, que foram doados pela comunidade. Entre uma cama e outra, a mesa de sinuca alegra um pouco o dia deles.
“A gente gosta de jogar para se distrair”, explicou Gerhardt Honu, de 28 anos, ao G1.

O ganês conta que a intenção era ir aos Estados Unidos procurar por emprego, mas com a Copa do Mundo no Brasil não teve dúvidas, pensou que o país estava em um ótimo momento em relação ao mercado de trabalho. O sonho dele, depois de receber o CPF e a carteira de trabalho, é continuar a faculdade de engenharia que começou em Acra, capital de Gana.
A maioria muçulmana que está no seminário católico, mantém a tradição do Ramadã, período em que os adeptos da religião devem permanecer 29 dias em jejum entre o amanhecer e o entardecer. Mesmo um pouco fracos devido ao jejum, eles jogam futebol na quadra do ginásio para ocupar a mente e o corpo.

“É uma maneira de se exercitar, se não a gente enlouquece”, disse Umor Swallah, de 26 anos.
Em busca de emprego

Haruna Ali, de 24 anos, já recebeu o CPF e a carteira de trabalho. Enquanto a oportunidade de emprego não surge, ele aproveita o tempo livre para deixar pronto o texto para uma possível entrevista de trabalho. Na carta, ele diz: “Eu preciso trabalhar para salvar a minha vida e obter algum lugar para dormir”.

Ansioso, ele desabafa que não aguenta mais esperar para trabalhar. “Preciso de um emprego imediatamente”, disse.
O jovem explica que precisa mandar dinheiro para sustentar a mãe e a filha, a pequena Farida, de cinco anos. “Olho as fotos dela todos os dias, preciso sustentá-las”, completou.

Na sexta-feira (18), cerca de 25 ganeses foram conhecer uma fábrica em Gramado, cidade a cerca de 70 km de Caxias do Sul, que precisa de trabalhadores.

Segundo a Irmã Maria do Carmo Gonçalves, coordenadora do CAM, Centro ao Migrante, há oportunidades para muitos deles. “As empresas estão começando a vir para entrevistá-los, fazer processos seletivos. Isso diminui um pouco a ansiedade”, disse.
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