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Sábado, 20 de julho de 2024

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Para pagar viagem, jovem junta R$ 9 mil em 3 meses vendendo brigadeiros

Com R$ 20 no bolso e o sonho de viajar para a Espanha para assistir a um campeonato mundial de basquete que custaria R$ 15 mil, o árbitro João Ricci, de 26 anos, decidiu apostar em uma ideia inusitada para juntar dinheiro: produzir e vender brigadeiros na rua. Em três meses, trabalhando quatro dias por semana, Ricci conseguiu juntar R$ 9 mil. Ele já comprou as passagens e os ingressos para o Mundial.


"Tinha R$ 20 no bolso e fiz duas panelas de brigadeiro. Pensei: ‘Bom, o máximo que pode acontecer é ninguém querer comprar e eu comer tudo sozinho", disse. "Comecei a vender no terminal do Cruzeiro e passei pelos comércios do Sudoeste e, em 40 minutos, havia vendido os 50 brigadeiros. Voltei para casa com R$ 50."

Com a renda, o brasiliense comprou mais leite condensado e achocolatado e passou a vender o doce em restaurantes, parques e comércios da área central de Brasília.

Ricci diz que reservou os dias entre quinta e domingo para vender os brigadeiros. Por dia, ele vende, em média, 220 brigadeiros a R$ 1 – o que rende quase R$ 900 por semana. Segundo ele, é possível fazer a massa, enrolar os brigadeiros e vender todos em menos de cinco horas.

"Gasto uma hora para fazer a massa, que faço no dia anterior, para dar tempo de esfriar. Depois, gasto uma hora e meia para enrolar e duas horas para vender", diz. "Meu objetivo inicial era juntar R$ 1 mil por semana, mas é muito desgastante. O [ato de] vender cansa, mas é satisfatório porque você conversa com um monte de gente, o pessoal gosta, quer saber da história. Mas o que cansa, rotineiramente, é o fazer."

A Copa do Mundo foi uma grande oportunidade de vendas para o árbitro. Durante a final do campeonato, ele chegou a vender 450 brigadeiros. Os estrangeiros, segundo ele, aproveitaram a oportunidade para conhecer o doce. "Na mesa do bar a pessoa amiga, quando brasileira, sempre falava 'é chocolate brasileiro, prova', e apresentava para os gringos, que experimentavam e gostavam, porque é um doce que não existe lá fora", diz.

Apesar de ter se tornado um "expert" na produção de brigadeiros, Ricci não atribui o sucesso das vendas ao produto em si, mas à história por trás das vendas, que motiva as pessoas a contribuírem com seu projeto. Árbitro da categoria nacional do país de basquete, Ricci acredita que assistir ao campeonato mundial pode aumentar as chances dele de conseguir se tornar um árbitro de categoria internacional.

"Meu tipo de serviço não é nem tão sofisticado quanto o de gente que vende doce à noite em Brasília. Tem qualidade, vem bastante dinheiro, mas tenho certeza de uma coisa: o que faz vender é a história em si e o preço. Não é uma coisa vazia. Se chego até a mesa e ofereço o brigadeiro a R$ 1, ninguém quer comprar. Mas quando falo que vendo brigadeiro para juntar dinheiro para pagar minha viagem de intercâmbio, tem outra entonação, tem a identificação de pessoas que já foram ou têm vontade de ir para fora. Isso é unânime, todo mundo tem vontade de viajar."

Apesar de afirmar ser sempre bem tratado aonde vai, Ricci conta que já chegou a ser expulso de um bar na Asa Sul. "O dono disse que os clientes poderiam passar mal e que seria responsabilidade dele. Ele foi bem grosseiro", disse.


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