Gênero raro e pouco explorado dentro do cinema brasileiro, o suspense conduz a trama de “Isolados” do início ao fim. O filme foi exibido pela primeira vez na noite de sexta-feira (8), na abertura da 42ª edição do Festival de Cinema de Gramado, na serra gaúcha, seguido de uma homenagem a José Wilker. A filha do ator, Mariana Vielmond, assina o roteiro do último longa-metragem interpretado pelo pai. Dirigida por Tomás Portella, a obra foi escolhida para dar início à maratona como hors concours, ou seja, fora da mostra competitiva.
Na história, o casal interpretado por Bruno Gagliasso e Regiane Alves passa por uma crise no casamento. Na tentativa da reconciliação, os dois resolvem passar um tempo sozinhos, em uma casa afastada da cidade, na região serrana do Rio de Janeiro. No entanto, uma série de assassinatos altera o que era para ser um período de paz.
Para o diretor, o gênero revoluciona o mercado audiovisual brasileiro. “É um tanto revolucionário fazer um filme de suspense no Brasil, é uma coisa que o público não está acostumado a assistir e a gente não está acostumado a fazer”, afirmou Portella em coletiva de imprensa na manhã deste sábado (9). Seu último filme foi a comédia romântica “Qualquer Gato Vira-Lata”, que ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores.
Aos jornalistas, Bruno Gagliasso ressaltou o cenário como fator fundamental dentro do contexto da trama. “Uma coisa importante é que não era só nós dois. A casa ganhou vida. A casa tinha o que dizer. Ela contracenava com a gente”, disse o protagonista.“Foi também o primeiro filme que rodei [‘Mato Sem Cachorro’ foi gravado depois, mas lançado antes]. Senti muito tesão em fazer. Todo mundo que estava ali fez aquilo por amor mesmo. Isso sem dúvida deu outro incentivo para o filme”, completou.
Regiane Alves considerou a personagem um verdadeiro desafio na carreira. “Foi duro. Não é um trabalho fácil. Eu nunca tinha tido um papel assim. E todo o trabalho de preparação foi importante. Uma semana antes chegamos na locação. Era frio, tinha nevoeiro, A gente tinha que ter uma referência do que é sentir medo. E a gente estava mesmo isolado, não tinha sinal de celular”, completou a atriz.
Despedida a José Wilker
Para escrever o filme, a roteirista Mariana Vielmond buscou referências em obras clássicas do gênero, como “O Iluminado” de Stanley Kubrick, que se passa em um imenso hotel isolado nas montanhas.
“A gente buscou referências no cinema, mas em várias histórias que a gente ouviu também. É essencialmente um filme de ficção, mas com bastante pesquisa por trás, real e cinematográfica”, definiu. “[O Iluminado] foi uma referência fundamental. A gente trabalhou também buscando algo em ‘A Ilha do Medo’, do Scorsese”, complementou.
“Isolados” foi o último e até então inédito trabalho de José Wilker no cinema. Na trama, ele interpreta um psiquiatra. Em abril deste ano, um infarto vitimou o artista, que também era um dos curadores do festival. Na cerimônia no Palácio dos Festivais, uma placa com o nome dele foi entregue à viúva Claudia Montenegro e à filha Mariana Vielmond. “Isolados” estreia em 18 de setembro no circuito nacional.
Serviço
42ª Festival de Cinema de Gramado
Data: De 8 a 16 de agosto
Onde: Palácio dos Festivais (Av. Borges de Medeiros, 2697)
Quanto: De R$20 (sessão) a R$ 100 (premiação)
- Todos os filmes da mostra competitiva
Longa-metragem nacional
"A despedida" (2014), de Marcelo Galvão (SP)
"A estrada 47" (2014), de Vicente Ferraz (RJ)
"A luneta do tempo" (2014), de Alceu Valença (RJ)
"Esse viver ninguém me tira" (2014), de Caco Ciocler (DF)
"Infância" (2014), de Domingos Oliveira (RJ)
"O segredo dos diamantes" (2014), de Helvécio Ratton (MG)
"Os senhores da guerra" (2014), de Tabajara Ruas (RS)
"Sinfonia da necrópole" (2014), de Juliana Rojas (SP)
Longa-metragem estrangeiro
"Algunos dias sin musica" (2013), de Matías Rojo (Argentina/Brasil)
'El critico" (2014), de Hernán Guerschuny (Argentina)
"El lugar del hijo" (2013), de Manuel Nieto (Uruguai)
"Esclavo de dios" (2013), de Joel Novoa (Venezuela)
"Las analfabetas" (2013), de Moisés Sepúlveda (Chile)
Curta-metragem nacional
"A pequena vendedora de fósforos" (2014), de Kyoko Yamashita (RS)
"Brasil" (2014), de Aly Muritiba (PR)
"Carranca" (2014), de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira (BA)
"Carta a uma jovem cineasta" (2014), de Luiz Rosemberg Filho (SC)
"Compêndio" (2014), de Eugênio Puppo e Ricardo Carioba (SP)
"Contínuo" (2013), de Carlos Ebert e Odécio Antônio (PB)
"História natural" (2014), de Júlio Cavani (PE)
"La llamada" (2014), de Gustavo Vinagre (SP)
"Max Uber' (2014), de André Amparo (MG)
"O clube" (2014), de Allan Ribeiro (RJ)
"O coração do príncipe" (2014), de Caio Ryuichi Yossimi (SP)
"O que fica" (2014), de Daniella Saba (SP)
"Se essa lua fosse minha" (2013), de Larissa Lewandowski (RS)
"Sem Título #1: Dance of Leitfossil" (2014), de Carlos Adriano (SP)
Mostra gaúcha
"A pequena vendedora de fósforos" (2014), de Kyoko Yamashita (Porto Alegre)
"Bacon ou rúcula" (2013), de Laércio Leitzke (Porto Alegre)
"Caçador" (2014), de Rafael Duarte e Taísa Ennes (Canoas)
"Casa de Pompas" (2014), de Bruna Fortes e Gabriel Paixão (Pelotas)
"Descompasso" (2014)" de Rodolfo de Castillos Franco (Porto Alegre)
"Domingo de Marta" (2014), de Gabriela Bervian (Porto Alegre)
"Espelhos" (2014), de Diego Tafarel (Santa Cruz do Sul)
"Gildíssima" (2014), de Alexandre Derlam (Porto Alegre)
"Hotel Farrapos" (2014), de Lisandro Santos (Porto Alegre)
"Linda, uma história horrível" (2013), de Bruno Gularte Barreto (Porto Alegre)
"O encontro" (2013), de Fabrício Silva (Porto Alegre)
"O que ficou para trás" (2014), de Pedro Guindani (Porto Alegre)
"O relâmpago e a febre" (2014), de Gilson Vargas (Porto Alegre)
"Os meninos perdidos" (2013), de Giordano Gio (Porto Alegre)
"Servido com candura" (2013), de Tatiane Andréa Enzweiler (São Leopoldo)
"Sioma - O papel da fotografia" (2014), de Karine Emerich e Eneida Serrano (Porto Alegre)
“Diminutivos” (2014), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes (Porto Alegre)
