Olhar Direto

Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Homem ensina profissão a filhos e neto e cria geração de barbeiros

Um simples salão de cabeleireiro é motivo de orgulho e união para uma família de São Manuel (SP). Há quase 50 anos, o estabelecimento garante o sustento de toda uma geração que manteve a tradição de trabalhar no ramo de barbearia.

Segundo o barbeiro Marícilio da Silva, filho de Joaquim Elias da Silva, que exerce a profissão desde que abriu o salão, o talento para a profissão é de família e está no sangue. Dois dos quatro filhos do barbeiro e um neto seguiram a carreira de Silva, o que tornou o local conhecido na cidade. “Metade de São Manuel corta o cabelo aqui”, brinca Luciano Rodrigo Elias da Silva, que começou no salão há 15 anos com o incentivo do avô.

O patriarca da família conta que começou em um salão aprendendo com outro barbeiro e decidiu investir no próprio negócio em 1965. Desde então, o salão recebe clientes que também passaram de geração a geração. “Assim como a profissão é de pai para filho, muitas vezes a clientela também é de pai para filho ou neto”, diz um dos netos. Entre os clientes está Lucas Henrique Alves da Silva, de 7 anos, que acompanha o pai que frequenta o salão há 10 anos.
Joaquim lembra que o primeiro a seguir seus passos foi Márcio Elias da Silva, outro filho que também trabalhava na barbearia, mas precisou deixar o salão por outro emprego. No entanto, o pai garante que se ele precisar voltar o lugar está guardado.

“Aqui cada um tem a sua própria cadeira e a dele ainda está no salão”, conta o irmão Marcílio. No salão todos se ajudam e para não ter briga, eles já definem quem corta o cabelo de quem dentro da família, o problema é que ninguém paga. “Eu corto o dos dois, do meu pai e do meu sobrinho, e acabo perdendo", brinca.

Sinônimo de experiência

Os móveis do estabelecimento têm as marcas dos anos de serviço prestados na cidade. Segundo os proprietários, a clienta é diversificada. Até políticos já frequentaram o antigo salão.

"Muitos buscam a simplicidade e os serviços à moda antiga que é oferecido na barbearia, como o incomum ofício de barbear, não mais ofertados nos atuais salões de cabelereiros. Alguns clientes de São Paulo, quando vêm para o interior, sempre passam fazer a barba porque não é comum na capital”, conta Luciano.

Apesar dos planos de modernizar o estabelecimento, quem dá a ultima palavra é o patricarca. “A cabeça dele é diferente e, em respeito a ele, ainda não mudamos o lugar, apesar de termos feito algumas melhorias. Queremos mudar, mas ainda preservar a tradição”, afirma o filho.

Orgulho

Apesar do orgulho de ter os filhos trabalhando com ele, Joaquim não quis que o filho mais velho seguisse a sua profissão. Marcos, o pai de Luciano, também queria seguir a carreira e, na verdade, seria o primeiro filho a se espelhar no pai, mas foi impedido.

“Meu avô não queria deixar porque naquela época trabalhava até de domingo e feriado e ele não queria isso para o filho”, lembra Luciano. Mas, no caso dele, o pai não se opôs. “Ele ficou feliz porque não pôde seguir o pai, mas hoje eu posso seguir o meu avô.” Para o filho e neto, trabalhar com o pai é motivo de comemoração. “É uma dádiva trabalhar com o pai. Nem todos passam o dia com o pai e a gente passa”, agradece Marcílio.



Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet