Olhar Direto

Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Combate à Guerrilha do Araguaia era para 'matar ou morrer', diz general

Para Comissão da Verdade, fala é indício de Exército realizou execuções.

'Major Curió' iria depor nesta terça, mas informou que foi hospitalizado.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) divulgou nesta terça-feira (12) trecho do depoimento do general reformado do Exército Nilton de Albuquerque Cerqueira em que ele afirma que “prender não era opção” na Guerrilha do Araguaia. Segundo a comissão, a fala do general é um indício de que o Exército cometeu execuções durante o conflito.

A declaração de Albuquerque Cerqueira foi dada em novembro de 2013, quando o general depôs ao conselho. Ele deu a resposta após ser questionado sobre se havia uma ordem específica no Exército para eliminar para eliminar ou prender os guerrilheiros.

“Prender você não põe como opção […] Se a ameaça vem do bandido que está lá recebendo ordens de São Paulo, ele vai morrer. Se ele não atirar, ele morre”, respondeu o general.

A comissão realiza nesta terça-feira audiência pública para ouvir depoimentos de vítimas e parentes de vítimas de prisão e tortura na Guerrilha do Araguaia. A guerrilha foi um movimento armado contra a ditadura militar organizado pelo PCdoB e reprimido pelo Exército, entre 1972 e 1975, no sul do Pará e na região onde hoje fica Tocantins.

Em 2013, Cerqueira já havia assumido que foi o comandante da ações de repressão militares no Araguaia. No vídeo exibido na sessão desta terça, o general diz ainda que quem ia para o conflito ia “para morrer ou matar”.

“O cara preparado para a luta [armada] tem a convicção que está com a razão, ele está disposto a morrer. E quem enfrenta o combate está com disposição de morrer ou matar. O que você acha? Morre ou mata?”, disse o general no depoimento.

Em julho deste ano, Cerqueira foi convocado mais uma vez pela comissão, mas permaneceu calado durante o depoimento.

Na época da guerrilha, camponeses que viviam na região e militantes do PCdoB foram alvo de tortura e se tornaram desaparecidos políticos. Segundo a CNV, 10 mil militares foram deslocados para a região e 70 militantes desapareceram. Quatro militares que teriam protagonizado atos de repressão à guerrilha foram convocados para a audiência desta terça.

Major Curió

A audiência não contou com o depoimento mais esperado pelos membros da comissão, do coronel da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por crimes de sequestro qualificado contra cinco militantes que atuaram durante a guerrilha do Araguaia.

De acordo com o coordenador da comissão, Pedro Dallari, o coronel informou ter sido internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, nesta segunda-feira. “Às oito horas da noite fomos informados pelo advogado que ele tinha ficado internado. A comissão se dispôs a ouvi-lo em casa ou no hospital, e ainda estamos esperando esse contato. Se isso for possível, vamos enviar dois integrantes da comissão”, disse Dallari.

Ainda neste mês, a comissão deverá visitar a chamada “Casa Azul”, no município de Marabá (PA). De acordo com a CNV, o local serviu como base do Centro de Informações do Exército e centro clandestino de tortura e morte durante a as operações militares contra a Guerrilha no Araguaia.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet