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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Jovem agredida em escola de Sorocaba diz que perdoa agressora

Jovem agredida em escola de Sorocaba diz que perdoa agressora

Adolescente se recupera em casa após ser espancada.
Família procura por vídeo para comprovar agressões.


A estudante Júlia Apocalipse, 13 anos, que perdeu dois dentes e teve vários hematomas após ser agredida por uma adolescente de 16 anos na saída de uma escola em Sorocaba (SP) falou neste sábado (13) sobre as agressões. Sua boca continua inchada e não há outros hematomas, mas a jovem disse ao G1 que é difícil pensar no que aconteceu. “Isso vai ficar dentro de mim para o resto da vida”, diz. Apesar de tudo, a estudante diz que perdoa a jovem que a agrediu. “Eu a perdôo, peço que Deus a abençoe, mas não tem como esquecer”. Ela conta que após a agressão pediu para se ver no espelho.
 

Cercada dos pais, da irmã e da sobrinha, Júlia se recupera das lesões que sofreu na boca. A estudante perdeu dois dentes e um deles foi reimplantado - o segundo continua guardado na casa da família, no Jardim São Guilherme. Ela teve alta médica na quinta-feira (18), após passar por cirurgia num hospital particular e prestou depoimento sobre o caso na sexta-feira (19) na Diju (Delegacia de Infância e Juventude), que conduz o Procedimento de Polícia Judiciária sobre o caso. 

De acordo o delegado Carlos Marinho, a vítima contou que não conhecia a agressora e que ela teria mandado que Júlia se ajoelhasse e pedisse desculpas. A polícia também aguarda pelo laudo do IML, que irá apontar a gravidade das lesões de Júlia. O caso segue, por enquanto, como ato infracional de lesão corporal.

Júlia disse ao G1 que perdoa a agressora, mas que jamais esquecerá o que passou. “Ela poderia ter chegado conversando, me conhecido, visto quem sou, daí tenho certeza que tudo isso não teria acontecido. Não desejo mal a ela [agressora], peço para que ninguém faça nada, pois a polícia está fazendo a parte dela. Peço que Deus abençoe a agressora, para que ela mude, ser assim violenta não vai levá-la a lugar nenhum”, avalia.

A mãe da estudante, Débora Apocalipse, também diz que perdoa a jovem. “Desejo que ela mude e que não faça isso com mais ninguém, para que nenhuma mãe passe pelo que passei”, diz. A estudante nega que tenha feito ofensas racistas para qualquer amigo da agressora - em entrevista ao G1ela disse que bateu em Julia para defender uma amiga que havia sido chamada de "macaca". “Nem a conheço, nem sei que são seus amigos e amigas”, ressalta Julia.

Júlia diz que não sente dores na boca, mas sofre com o inchaço para falar e para comer. “Meu pai faz papinha para mim, amassa as coisas. Tenho que fazer muito esforço, é bem difícil”, avalia. Além disso, ela sofreu para voltar a dormir sozinha e a ter confiança de andar pela casa. “Parecia que alguém iria aparecer para me atacar, sair do armário, dormi com minha mãe e só nesta noite consegui voltar para meu quarto”, conta.

Discussões virtuais
Na sexta-feira (5), a estudante disse que recebeu uma mensagem de texto através de um aplicativo para celulares de um número desconhecido. “Era a agressora dizendo que não gostava de mim e que era para eu ficar esperta que iria apanhar na terça-feira”, explica dizendo que não se importou e nem contou à família, pois sabia que seu pai a buscaria na saída da escola, como costumava fazer. Ela diz que bloqueou a agressora do celular e deletou as mensagens.

Na terça-feira (9), Júlia conta que saiu sozinha pelo portão e não encontrou o pai, mas sim um grupo grande de pessoas. “Vi a agressora caminhando na minha direção de braços cruzados. Ela me disse ‘late aí então, não gosto de você, você é muito metida’, mas respondi que se sou metida o problema era meu. Ela me mandou ajoelhar e pedir perdão, como me neguei levei o primeiro soco na boca”, descreve. A partir daí a vítima conta que empurrava a agressora, que lhe dava mais socos. “Só me defendi. Empurrava e fazia de tudo para ela sair de cima de mim”, diz.

Depois a estudante caiu, conseguiu se levantar e correu para dentro da escola. “Apanhei mesmo foi dentro da escola, desci a rampa correndo, ela puxou meu cabelo, caí, rolei o lance de escadas e desmaiei”, conta. Foi daí que algumas testemunhas disseram à família que mesmo desacordada Júlia continuou apanhando. No dia seguinte, o pai da jovem, Jairo Apocalipse disse ter recebido uma ligação da unidade de ensino para buscar os dentes da filha, que foram encontrados.

Segundo o pai, a vítima apanhou "por ser bonita". “Me contaram que ela [a agressora] batia na minha filha e gritava: ‘Quero ver quem vai te querer agora, quero ver você ser bonita agora’”, disse o aposentado em entrevista na quarta-feira (10).

Próximos passos
A família diz que há vídeos da agressão e busca pelas imagens para entregar à polícia. Júlia diz que há câmeras de monitoramento na escola, mas a unidade de ensino negou, por meio de nota, que a agressão ocorreu dentro dos portões da escola estadual Hélio Del Cistia.

“Na escola sempre falaram em educação, respeito e dignidade, mas não estão sendo honesdtos comigo. Não quero estudar mais lá, essa escola sabe que apanhei lá dentro e não estão me ajudando”, desabafa. Júlia só voltará para sala de aula em 2015, mas em outra escola. Ela disse ao G1 que sonha em se tornar delegada de polícia. “É meu sonho desde sempre”, finaliza.


 
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