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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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‘Eu falava para parar, mas ele nem ligava’, diz menina vítima de estupro

“Ele me pegou no colo e ficou me mandando ficar com a perna aberta. Eu estava com um vestido e calcinha e ele estava me machucando porque a unha dele estava grande. Eu só chorei e pedi para ele parar, falei ‘por favor, para’, mas ele nem ligava”. O depoimento é de uma menina de apenas sete anos que foi vítima de abuso sexual quando tinha apenas quatro anos.


Apesar de ser apenas uma criança, os acontecimentos ficaram gravados na memória. O avô da menina conta que o homem era um vizinho que frequentava a casa da família há mais de 20 anos. “Nossa amizade era tão íntima que chegava ao extremo de ser como se fosse irmãos”, conta o homem, que prefere não se identificar.

O sentimento entre os familiares da criança não poderia ser outro a não ser o de revolta. “Revolta, ira, foi muito difícil para mim. A gente num acredita que seja possível porque era uma pessoa que a gente dedica toda confiança, amizade”, completa o avô. É por isso que os familiares devem ficar cada vez mais atentos. Situações como essa acontecem quando as pessoas menos esperam. As estatísticas relacionadas a este tipo de crime impressionam.

Em Bauru (SP), de janeiro até agosto deste ano 132 crianças foram vítimas de abuso sexual. No ano passado inteiro o total chegou a 92. Os dados são do Centro de Referência Especializado de Assistência Social. No início deste mês, em pouco mais de uma semana, quatro casos foram registrados na cidade. As vítimas são meninas de aproximadamente 10 anos e os autores, todos parentes bem próximos. Em três deles, os suspeitos foram presos e no outro a prisão preventiva do padrasto da vítima foi solicitada a Justiça.

Outro caso também chamou a atenção. Uma menina de 11 anos teria sido molestada por colegas dentro da escola estadual Padre Antônio Jorge Lima. Seis meninos que tem entre 11 e 13 anos teriam abordado a menina no corredor e passado a mão nas partes íntimas dela. Um boletim de ocorrência de ato infracional de estupro foi registrado, já que apenas um dos meninos assumiu o abuso e ele tem 11 anos e, segundo o Estatuto da Criança e Adolescente, ele é considerado criança e não pode responder pelo crime. 

Em nota, a Secretaria de Educação confirmou o fato e informou que todos os responsáveis foram acionados e os meninos envolvidos foram suspensos. Já a polícia deve ouvir os funcionários ainda essa semana e investiga o caso.

Trauma e apoio
Independentemente do autor ser preso ou não, a psicóloga Adriana Providello explica que a vítima carrega o trauma para resto da vida. “A criança pode desenvolver uma depressão, ela pode desenvolver uma agressividade extrema, às vezes pode incialmente não apresentar, mas na vida futura ela pode ter como causa emocional danos irreparáveis e até na própria questão da sexualidade”, explica.

Em Bauru, a Secretaria de Bem-Estar Social recebe denúncias e oferece apoio. Mas o grande problema é que muitas famílias ainda permanecem caladas. “O que motiva esse silêncio é o medo da revelação. É o medo que realmente esse fato esteja ocorrendo. Ficam com vergonha, mas quem está pagando o preço alto desse silêncio é a criança que vem sendo abusada. Então, a pessoa, um vizinho, um parente próximo, alguém que perceba tem que vir na secretaria e nos estaremos fazendo o acolhimento desse atendimento importante”, ressalta a secretária Darlene Tendolo.
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