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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Suspeito de ter feito aborto em Jandira se entrega no Rio

Carlos Augusto Graça de Oliveira, que segundo a Polícia Civil do Rio é suspeito de ser o falso médico que teria feito o abordo em Jandira Magdalena dos Santos, se entregou na 35ª DP (Campo Grande) às 11h desta quarta-feira (8). Ele estava acompanhado do advogado André do Espírito Santo. 


A liberação do falso médico Carlos Augusto Graça de Oliveira, que se apresentou na manhã dea quarta-feira (1º) na 35ª DP (Campo Grande) e não ficou preso, revoltou a mãe de Jandira na semana passada. A filha de Maria Ângela Magdalena dos Santos morreu após se submeter a um aborto na clínica comandada por Carlos Augusto.

Carlos tinha sido liberado por conta da Lei Eleitoral, que impede prisões até cinco dias antes de eleições — à exceção de situações de flagrante ou casos específicos citados na lei.

"Fiquei muito revoltada porque parece que ele não vai ficar preso. A pessoa que cometeu um assassinato, que já é procurada, considerada fugitiva pela Justiça é solta por causa de uma lei. É um absurdo, eu nem sabia que existia esta lei", disse a mãe de Jandira.

Presidente da Comissão Eleitoral da OAB/RJ, Paulo César Salomão Filho explica que a lei foi criada há décadas para evitar prisões "casuísticas", enquanto a democracia não estava consolidada no país. Ele pondera que, em cidades grandes, a lei parece não fazer sentido, mas pode ser útil em cidades menores onde o poder de polícia atende aos interesses de partidos e candidatos.

"A lei existe. Certa ou errada, ela tem que ser aplicada. Mas, de fato, 20 anos depois da Constituição de 88, com a democracia consolidada, um réu confesso não ficar preso também não me parece o ideal. Mas como a lei é nacional, é difícil fazer uma restrição a cidades menores. Acredite, em cidades do interior com eleitorado reduzido, mais [a lei] faz sentido. A função da lei é evitar prisões casuísticas para influenciar a democracia, que é um dos valores maiores que a gente tem. Mas talvez os prejuízos que a lei cause sejam maiores que os benefícios", reconheceu.

Após a prisão de Carlos Augusto Graça de Oliveira, o delegado Hilton Alonso, que investiga o caso na 35a DP, afirmou que ainda há pessoas a serem presas, mas que o caso está sendo finalizado.

Ele afirmou ainda que os dois suspeitos que tiveram a foto divulgada nesta quarta-feira no portal de procurados fazem parte do grupo, mas não estão no inquérito relativo ao caso de Jandira.
"Eles estão sendo procurados por uma prisão em flagrante quando foi desmantelada uma clínica de aborto em Duque de Caxias em novembro de 2013", explicou. "Débora foi até testemunha nos nossos autos, mas não participou deste caso específico".

Carlos Augusto Graça de Oliveira vai responder, assim como os outros quatro suspeitos, por aborto, formação de quadrilha, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Emoção
A mãe de Jandira, Maria Angela, ficou feliz com a notícia da prisão do falso médico, mas diz permanecer com uma dúvida: "Estou um pouco menos dolorida com isso. Mas o que eu quero saber é: o que eles fizeram com a minha filha? Não estou aqui só pela minha filha, mas também por todas as mulheres que já passaram nas mãos deles e morreram nas mãos deles", disse.

"Infelizmente eu não estava lá com ela. Poderia ter salvado a minha filha se estivesse na clínica com ela", desabafou. "Minha família está em choque ainda, mas a gente tem que acreditar na Justiça do nosso país", frisou.

Filha relatou desespero
Jandira desapareceu depois de procurar uma clínica de abortos na Zona Oeste da cidade. A jovem tinha 27 anos e estava grávida de quatro meses. Jandira saiu de casa pela última vez no dia 26 de agosto. Segundo Maria Ângela Magdalena contou que a filha estava com cerca de 12 semanas de gestação e que teria decidido abortar por "desespero".

"A gente é muito unido. Eu sabia [que ela estava grávida] e queria muito. Doze ou treze semanas. Ela estava muito preocupada, no desespero mesmo. Tanto que ela confiou na primeira pessoa que apareceu", disse a mãe logo após a sumiço da jovem. Ainda segundo Ângela, Jandira pagou R$ 4,5 mil para fazer o aborto.

No dia 27 de agosto o corpo carbonizado, sem as digitais e a arcada dentária, foi encontrado dentro de um carro em Guaratiba, na Zona Oeste. De acordo com a Polícia Civil, um exame comprovou a compatibilidade genética entre o corpo encontrado no carro e a mãe de Jandira. Ela foi enterrada no último domingo (1).

Cinco indiciados pelo crime
Cinco pessoas já foram indiciadas pelo crime, como informou o delegado Hilton Alonso, da 35ª DP (Campo Grande). O Tribunal de Justiça do Rio negou o habeas corpus aos donos da casa onde teria ocorrido o aborto da auxiliar administrativa Jandira Cruz.

Até esta quarta-feira (24), estavam presos Vanuza Vais Baldacine, que segundo os investigadores era a motorista da quadrilha; Rosemere Aparecida Ferreira, apontada como a chefe da quadrilha, já que era ela quem recebia o dinheiro e marcava as consultas e pagava o restante da equipe; o ex-marido de Rosemere, o policial civil Edilson dos Santos, segurança do grupo; além de Marcelo Eduardo Medeiros, que aluga o imóvel para clínica clandestina; e Mônica Gomes Teixeira, que recepcionava as clientes.
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