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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Cabo que dirigia viatura onde estava PM que matou jovem culpa motorista por não parar

O cabo da Polícia Militar que conduzia a viatura onde estava o soldado Márcio José Watterlor Alves culpa o motorista do HB20 branco em que estava Haíssa Motta pela morte da jovem. Em entrevista ao EXTRA, Delviro Anderson Moreira Ferreira defendeu o colega de farda e disse que Watterlor só atirou porque o jovem, identificado apenas como Patrick, não obedeceu a ordem para parar:


— A gente tem filhos. E qual o pai quer ver um filho morto? É lamentável o ocorrido naquele dia, mas o grande culpado da história toda é o motorista do veículo.

Ouvido duas vezes pela Polícia Civil — na 58ª DP (Posse) e na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) — Watterlor deu versões conflitantes com as cenas registradas pelas câmeras da viatura da PM. O soldado, que estava no banco do carona da viatura, prestou depoimento pela primeira vez no dia do crime. Na ocasião, ele contou ter dado ordem de parar para o veículo onde Haíssa viajava. Pouco depois, alegou ter escutado um estampido parecido com tiro. Como a perseguição continuou, e após o carro ter feito uma manobra arriscada, o PM admitiu ter disparado tiros, para acertar os pneus.

Ouvido pela segunda vez, em 10 de setembro, o militar alegou ter ouvido de dois a três estampidos, vindos da direção do HB20 e de uma motocicleta. Garantiu ainda que só após isso, efetuou os disparos. Um deles matou a jovem. Procurado pelo EXTRA, Watterlor disse estar abalado e não quis se pronunciar sobre a morte de Haíssa:

— Estou aéreo, sem chão. Minha família, minha filha de 4 anos, todos estão muito abalados com isso. Não sei o que fazer da minha vida.

Como foi a ação policial?

Naquela mesma noite, já tínhamos feito outras duas perseguições naquela área. Tinham tido outros registros envolvendo dois HB20 roubando naquela área, já tínhamos perseguido também um Sandero, uns 20 minutos antes.

Como foi a perseguição?

A gente deu ordem para parar uma, duas, uma porrada de vezes. Eles estavam alcoolizados, vindos de uma bagunça. Estavam correndo, furando sinal, passando rápido em quebra-mola.

Por que o Watterlor atirou?

Porque pensamos que eles acessariam à direita, para entrar no Morro da Mina. Não justifica ter atirado, mas ele estava fugindo literalmente.

Quem você considera culpado pela morte da Haíssa?

A gente gosta de fazer um bom policiamento, prender, serviço à sociedade. Mas estão massacrando a gente, ninguém vê como reduzimos o índice de criminalidade. O grande culpado por isso é o motorista do veículo. Nós não queríamos um desfecho desse. Ali é uma área de periculosidade, mas foi pura fatalidade. A gente fica sem palavras para confortar a família agora.

Como você enxerga a conduta de vocês?

A gente não está certo, mas a atitude dele (do motorista do HB20) também não foi. Trabalhamos no pior batalhão do estado do Rio de Janeiro, vivemos em intenso estresse.

Como está sua vida depois do caso?

Eu e os três colegas envolvidos nessa ocorrência continuamos lotados no mesmo batalhão, no 41º BPM (Irajá), mas estamos afastados das ruas, em funções administrativas. Estamos longe do que mais gostamos de fazer na vida.



 
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