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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Mãe de travesti que arrancou orelha de carcereiro não pôde ver a filha

Mãe de travesti que arrancou orelha de carcereiro não pôde ver a filha
Desde domingo, Marli Ferreira Alves Francisco, 48 anos, não consegue pregar os olhos à noite. Foi neste dia que ela descobriu que sua filha, a travesti Verônica Alves, de 25 anos, tinha sido presa acusada de tentativa de homicídio, em São Paulo. Durante a prisão, ela se envolveu numa briga com os agentes carcerários e arrancou com a boca um pedaço da orelha de um deles. Desde então, a mãe não pôde entrar em contato com a filha para conhecer a sua versão do que aconteceu.


— Não tem nada de normal nessa história — disse Marli, que mora em Mococa, no interior de São Paulo. — Não consegui falar com ela até agora. Fui a São Paulo, mas não deixaram eu ver de jeito nenhum, nem no hospital, nem na delegacia.

De acordo com o boletim de ocorrência, Verônica já tinha sido detida por tentativa de homicídio contra uma idosa que vivia em seu prédio, durante uma discussão. Ela estava sendo transferida quando se envolveu em “luta corporal” com o carcereiro cuja orelha foi ferida. Para intimidá-la, outro policial deu três tiros na direção da briga mas, segundo a polícia, ninguém foi atingido. Os agentes e a agressora foram levados ao Hospital das Clínicas, em São Paulo, e o caso foi registrado no 2º DP (Bom Retiro). Ela é acusada de evasão mediante violência contra a pessoa, lesão corporal de natureza grave e resistência à prisão.

Segundo a mãe, Verônica, que se prostituía, morava na capital paulista há um ano e, até então, vivia tranquilamente. Ela acredita que a polícia não deixou vê-la como retaliação pela agressão.

— Como foram muito covardes e machucaram muito ela, não quiseram me deixar vê-la. É muito triste para uma mãe uma coisa dessas — resumiu.

Em fotos que circulam nas redes sociais, é possível ver a travesti num pátio, sem camisa, com os seios expostos, a calça rasgada, cabelos raspados e o rosto desfigurado. Há também imagens do agente carcerário que foi vítima de agressão.




Posicionamento da polícia

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirmou que a Secretaria de Administração Penitenciária (Sap) é responsável pela detenta, mas não comentou as agressões sofridas por Verônica. Já a Sap explicou que os presos podem passar até 20 dias sob regime de observação. Durante esse período, eles não têm direito a ver sua família, apenas o defensor público. Segundo Marli, sua filha ainda não teve ninguém designado para fazer sua defesa.

Apoio nas redes

Nas redes sociais, grupos de apoio a travestis e transexuais tentam garantir que Verônica tenha acesso a uma defesa justa e que não seja vítima de violência sexual. Uma página chamada Somos todas Verônica foi criada no Facebook para apoiá-la.


 
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