Até a início da manhã deste sábado (9), 42 noivas haviam prestado queixa contra Netto Galvão, uma empresa de decoração de casamentos que leva o nome do dono em Brasília com vários contratos em andamento. Netto Galvão não é localizado pelas clientes. Outras noivas que têm contrato com ele estão apreensivas. A polícia estima que os prejuízos às noivas podem chegar a R$ 1 milhão e que até 100 noivas podem ter sido lesadas.

Depois da repercussão do golpe na imprensa e nas redes sociais nesta sexta (8), o empresário e decorador publicou uma carta na internet. Ele diz que há algumas semanas tem enfrentado problemas com a empresa. E continua: "Desde o início deste ano, as contratações estavam escassas, as contas estavam se avolumando... os preços das flores, alugueis e mão de obra aumentavam...". Justifica dizendo que mesmo diante disso, ainda realizou casamentos para manter os contratos fechados.

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Netto Galvão se explica: "devido a divulgação na internet de noivas insatisfeitas, desdobramentos surgiram... as declarações acabaram por potencializar a escassez de fechamento de contatos... surgiram muitas rescisões contratuais... dívidas foram acumuladas". Termina dizendo que fará o possível para ressarcir as vítimas, seja na Justiça ou não.

Sâmela Morais Segovia é uma das noivas que está apreensiva. Sâmela fechou o contrato da decoração e fotografia de seu casamento com um ano de antecedência. A cerimônia é em novembro deste ano e ela já pagou R$ 48.500 pelos serviços.

— Se ele quisesse nos ressarcir dos prejuízos ele não teria fugido para Paris.

Já a situação de Suelen Antunes é mais delicada, já que o casamento dela é na semana que vem.

— Fiquei muito supresa com tudo isso. Na última vez em que conversei com ele tudo correu naturalmente. Ele sugeriu algumas mudanças na decoração como se tudo estivesse normal.

E essas não foram as únicas vítimas. A movimentação de noivas e familiares na delegacia foi grande. Netto Galvão é um decorador conhecido no mercado de casamento do DF. Um dos profissionais mais procurados pelas noivas. Suas decorações chamavam atenção pelo requinte e beleza. A delegada Cláudia Alcântara, delegada chefe da 3ª Delegacia de Polícia do DF, no Cruzeiro, tentou contato com funcionários da empresa e com o decorador. Mas sem sucesso.

Ela também descobriu que um bilhete de viagem internacional foi emitido para o decorador. Mas ela não sabe se ele está mesmo no exterior.

Segundo a polícia, Netto Galvão é soldado da Polícia Militar. Durante três anos ficou afastado da corporação. Pediu licença sem remuneração. Teria voltado pro serviço no final de abril e agora está afastado por motivos de saúde. A delegada conta que ele vai responder por estelionato em cada uma das ocorrências registradas. A pena para cada ocorrência varia de 1 a 5 anos de cadeia.