A polícia do Rio prendeu na madrugada desta terça-feira (9) a mãe que deixou o filho de 7 anostrancado sozinho, durante dois dias, em um apartamento no Leme, Zona Sul da cidade. Tabyta Nunes, de 34 anos, tem quatro anotações criminais — furto de estrangeiro, uso de drogas, desaparecimento e abandono de incapaz. Antes de ser transferida para o presídio, ela afirmou para a imprensa que estava na delegacia: "Gente, eu não abandonei, só saí".

Delegada-titular da 12ª DP (Copacabana), Isabela Santoni, afirmou que, em depoimento, Tabyta disse que o filho estava habituado a ficar sozinho e que "foi educado para isso". "Ela já havia acostumado o menino a ficar sozinho. Ela disse que não via nenhum problema nisso. Isso já aconteceu anteriormente, quando ele tinha 4 anos", contou a delegada, acrescentando que a mãe vai responder por abandono de incapaz e maus-tratos.

Ainda segundo a delegada, o filho mais velho de Tabyta, que agora tem 17, também teria sido deixado com a babá quando era pequeno – na ocasião, foi registrado desaparecimento de Tabyta. Ela vai ser levada ainda hoje para Bangu.

Prisão
A delegada contou ainda como foi o momento da prisão. "Iniciamos una diligência para conseguir prendê-la. A encontramos em um bar na Avenida Atlântica com a Prado Júnior, enquanto ela bebia um chope na companhia de dois rapazes. Ela disse que não sabia que a polícia estava à procura dela e não via nenhum problema em deixar a criança sozinha", relatou.

Durante a madrugada desta segunda-feira, o menino foi levado para um abrigo da Prefeitura em Del Castilho, no Subúrbio.

Resgate 
A criança passou dois dias sozinha no apartamento no 11º andar de um prédio no Leme e foi resgatada depois que os vizinhos ouviram os gritos de socorro.

“Ele começou a chamar o porteiro, a gritar. Ele gritava muito, chamava: porteiro, porteiro! Ele gritava, chorava, e a gente não sabia o que que era”, disse Vera Arraes, vizinha.

Os bombeiros usaram uma escada magirus para retirar o menino, que estava ao lado da janela.

“Nós tentamos fazer um resgate diferenciado até para não traumatizar mais a criança, para ficar uma coisa mais lúdica, uma vez que é recorrente esta conduta da mãe, e a polícia tem que atuar. Então, nós pedimos o apoio dos bombeiros, que se prontificaram. A criança realmente não teve a exata dimensão do que aconteceu, ele achou que era alguma coisa, tipo um super-herói, enfim, ficou brincando, vai contar na escola”, informou a delegada Thainne Moraes.

Um conselheiro, que acompanhou a ocorrência, disse que não há registros de que o menino já tinha sido abandonado em casa anteriormente. O único registro que consta no Conselho Tutelar é falta de escola em 2014.

O pai da criança, um holandês que trabalha numa plataforma de petróleo no México, depois que soube do que aconteceu, disse ao Conselho Tutelar que já embarcou de volta para o Brasil e deve chegar nesta quinta-feira (11). O caso vai ser analisado pela Vara da Infância e Juventude.

Avó diz que vai ficar com neto
A avó materna do menino disse que quer ficar com o neto, informou o conselheiro Evânio de Paula. Ela foi entrevistada por cerca de 40 minutos por técnicos e conselheiros do Conselho Tutelar na tarde desta segunda-feira e saiu do local sem falar com a imprensa.

Como ela chegou ao Conselho Tutelar por volta das 17h15, não foi possível levar o caso para a Primeira Vara da Infância. Segundo o conselheiro, a audiência com a Justiça está marcada para o início da tarde desta terça-feira (9).