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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Sucessor de Playboy teria mandado matar grávida em condomínio do 'Minha casa'

Sucessor de Playboy teria mandado matar grávida em condomínio do 'Minha casa'
Um inquérito da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) aponta Carlos José da Silva Fernandes, o Arafat, como mandante da execução da gaúcha Luciana Cunha de Oliveira, dentro do Conjunto Residencial Haroldo de Andrade, em Barros Filho, na Zona Norte do Rio. O corpo de Luciana está desaparecido desde maio do ano passado, quando a mulher, que estava grávida de quatro meses, discutiu com uma amiga no condomínio do programa federal “Minha casa, minha vida”.


A investigação concluiu que a amiga de Luciana, Elizabeth Munck Joaquim, inconformada com uma ofensa racista da mulher a seu filho, a entregou aos traficantes que ocupam o conjunto. Arafat é apontado pela Polícia Civil como sucessor de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, ex-chefe do tráfico do Complexo da Pedreira, em Costa Barros, morto durante operação das polícias Civil e Federal no último sábado.

Elizabeth foi presa pelo crime em 9 de junho. No mesmo dia, ela prestou depoimento e, apesar de negar ter participado do homicídio, revelou que, no dia seguinte ao desaparecimento de Luciana, o próprio Arafat apareceu em sua casa. “Pode trabalhar de boa, ninguém vai te incomodar não”, teria dito o bandido.

Outras duas testemunhas prestaram depoimento e apontaram a participação do traficante no homicídio e na ocultação do cadáver de Luciana. Segundo ex-moradores, dois meses após o desaparecimento, Arafat, com fuzil atravessado no peito e cercado de bandidos, comandou uma reunião de condomínio.

O bandido teria dito, apontando para a área de mata atrás do conjunto — conhecida como local de “desova” do tráfico —, “que muitos de vocês estão nessa mata aí”. Depois, teria dito, se dirigindo a moradores oriundos de áreas de facções rivais: “Se lá vocês dançam ‘ilariê’, aqui vão dançar o ‘lepo lepo’”. No último dia 7, a 4ª Vara Criminal decretou a prisão preventiva de Arafat.

Em março, a série de reportagens “Minha casa, minha sina”, publicada pelo EXTRA, revelou que 80 famílias oriundas de áreas dominadas por uma facção rival foram expulsas do mesmo condomínio após uma ordem de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, então chefe do tráfico do Complexo da Pedreira. Na ocasião, o bandido ofereceu os apartamentos a aliados.
‘Minha casa, minha sina’

Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos, absolutamente todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834 famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.

Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores, síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série “Minha casa, minha sina”, que o EXTRA publicou em março.
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