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Terça-feira, 16 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Cidade descarta 240 mil litros de água enviados pela Vale

RIO e GOVERNADOR VALADARES (MG) - Mais de uma semana após o rompimento das barragens em Mariana, o primeiro carregamento de água potável feito por trem pela Vale, dona da mineradora Samarco, foi descartado nesta sexta-feira pela prefeitura de Governador Valadares (MG) antes de ser entregue aos moradores que sofrem os efeitos do desastre.


De acordo com a prefeitura, os 240 mil litros de água, que chegaram em quatro vagões, não serviam para o consumo por possuir “alto teor de querosene”. Em nota, a prefeitura chegou a dizer que a empresa “admitiu que os quatro primeiros vagões foram enviados por equívoco”, e que novo carregamento chegaria ainda ontem à noite.

A Vale, porém, contestou a informação. A assessoria da companhia informou que os vagões eram utilizados para combater incêndios florestais e não para transportar combustíveis, motivo pelo qual não poderiam ter resto de querosene.

Enquanto isso, os moradores de Valadares faziam filas na cidade em busca de água. O Exército enviou 55 homens, além de sete caminhões-pipa, para ajudar na logística de distribuição de água. Ao todo, 45 caminhões ajudam na distribuição de água para instituições de saúde, de educação e abrigos no município. Outros 150 caminhões-pipa estavam previstos para começar a chegar à cidade a partir da noite de ontem, segundo a prefeitura.

MANIFESTANTES BLOQUEIAM FERROVIA

Na tarde de quinta-feira, moradores de Governador Valadares queimaram pneus em uma ferrovia da Vale utilizada para transportar a produção de minério da companhia. O protesto foi encerrado na própria quinta-feira, por volta das 18h30, após a empresa obter uma decisão judicial determinando a desobstrução da linha férrea.

Manifestações contra a empresa, porém, não ficaram restritas a Valadares. Moradores do município de Baixo Guandu, no Espírito Santo, também protestaram bloqueando a Estrada de Ferro Vitória a Minas, no fim da noite de quinta-feira. A via foi liberada já na madrugada de ontem.

O bloqueio foi feito a mando da prefeitura, e seis tratores foram utilizados para fechar a linha férrea. O prefeito Neto Barros (PCdoB) queria que o presidente da Vale fosse à cidade e apresentasse soluções para conter os danos causados pela onda de lama que se aproxima do Espírito Santo. No estado, o abastecimento de água deverá ser afetado nos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares.

Pelo Facebook, o prefeito detalhou o plano: “Comunicamos à Vale e à sociedade que a prefeitura colocará suas máquinas sobre os trilhos da estrada de ferro Vitória a Minas e paralisará o transporte de minério de ferro”, escreveu ele.

Ao todo, mais de 500 mil moradores de cidades às margens do Rio Doce deverão ficar sem água por causa do desastre ambiental. Governador Valadares, com 280 mil habitantes, necessita, segundo estimava da prefeitura, de 60 milhões de litros por dia. “Cada vagão carrega 60 mil litros de água. Para se ter uma ideia, só o Hospital Municipal consome 200 mil litros por dia”, informa trecho de nota divulgada.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Valadares está providenciando a perfuração de 15 poços artesianos próximos às estações de tratamento de água. A cidade também está recebendo doações de água. A prefeitura decretou estado de calamidade pública na terça-feira. (*Sob supervisão de Maiá Menezes)
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