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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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Ambientalistas alertam para projeto de barragem da Vale na Grande BH

O projeto de construção de uma barragem de rejeitos de minério da Vale em Rio Acima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, preocupa ambientalistas e moradores da cidade. A estrutura seria montada em uma região chamada “Fazenda Velha”, que está tombada provisoriamente pelo município desde o ano passado.


Segundo a ambientalista Maria Teresa Corujo, que é da coordenação do Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela e do Movimento pelas Terras e Águas de Minas Gerais, a barragem “Fazenda Velha” tem a capacidade de cerca de 600 milhões de metros cúbicos – 10 vezes maior que a de Fundão, rompida em Mariana no dia 5 de novembro e de propriedade daSamarco, cujas donas são a própria Vale e a anglo-australiana BHP.

“O terreno é um vale belíssimo, com o córrego Fazenda Velha e ruínas de uma fazenda do ciclo do ouro. Ao longo do córrego também tem ruínas de garimpos do século XVIII. Eles [mineradores da época] buscavam ouro nos afluentes e no Rio das Velhas”, contou.

O prefeito de Rio Acima, Wanderson Lima (PSD), afirmou ao G1 que no último dia 9 assinou um documento mantendo o tombamento provisório da região “Fazenda Velha”. O documento foi apresentado em reunião do Conselho de Patrimônio no dia 10 de novembro.

Porém, a ativista ambiental e professora Daniela Campolina alegou que o prefeito inicialmente queria passar o terreno para a Vale, mas mudou o discurso após o rompimento da barragem em Mariana e a pressão popular em Rio Acima.  “No dia anterior o prefeito suspendeu provisoriamente [o repasse a Vale], mas não significa que ele anulou”, disse.O laudo para tombamento provisório de 2014, e assinado pelo prefeito anterior, concluiu que a “área proposta possui bens com valor paisagístico, arqueológico e natural que são portadores de referência à história de Rio Acima e que, assim, devem ser preservados”.

O tombamento provisório proíbe diversas intervenções na área como a “instalação de aterros sanitários, indústrias poluentes, empreendimentos e construções que causem significativos impactos ao bem tombado”, além de atividades que provoquem o risco de desmatamento, a poluição de cursos d'água e a diminuição do volume de água. Impede também a barragem de rejeitos.

Lima disse ser contra a construção de uma barragem no local ou “qualquer coisa que for trazer risco à população” da cidade, que tem cerca de 10 mil habitantes. Mas também afirmou ser contra o tombamento definitivo. Segundo ele, o terreno é alvo de invasores e que o município “não dá conta de olhar aquela área”.  “Gastamos R$ 200 mil em mourão para cercar. E roubaram tudo”, disse.

O prefeito afirmou que quer discutir com a população o que será feito da área. “Meu pensamento é de tentar trazer renda, não risco”, afirmou. Como exemplo, ele citou a construção de um condomínio como uma alternativa a área. “Na hora que a gente tiver condições vamos viabilizar um condomínio, ou qualquer coisa que vá trazer progresso à cidade”, falou. Segundo ele, Rio Acima tem mais de R$ 15 milhões em dívida e teve queda de 50% na receita.

O exemplo do chefe do executivo da construção de um condomínio é questionado por Daniela Campolina. “Depois da mobilização, ele começou a dizer que não tem interesse na barragem e sugeriu a construção de um condomínio. Isto não garante que o terreno não vá chegar à mão da Vale”, contestou.

A barragem faria parte do complexo minerador Vargem Grande, que possui atividades em Nova Lima, na Região Metropolitana e em Itabirito, na Região Central. De acordo com o Projeto Manuelzão, a barragem seria construída em uma área de quase mil hectares em Rio Acima, cidade vizinha, e ficaria a cerca de um quilômetro do Rio das Velhas.  O prefeito Wanderson Lima contou ao G1 que a Vale queria pagar ao município uma contrapartida de R$ 50 milhões para explorar esta área.

Maria Teresa e Daniela ressaltaram a importância do tombamento definitivo da área e o risco deste empreendimento para a população de Rio Acima e até da capital mineira. Segundo Maria Teresa, a barragem ficaria ainda a sete quilômetros de Rio Acima e a cerca de 15 quilômetros do sistema de captação de água do Rio das Velhas de Belo Horizonte e Nova Lima.

Daniela citou as ações que são feitas para conscientizar a população e pressionar o executivo. “Estamos fazendo mobilizações com escolas e comunidade. Reuniões e palestras para informar e articular novas ações para que o tombamento seja definitivo”, disse.

O G1 entrou em contato com a Vale questionando se o projeto para a construção da barragem está mantido, se a empresa segue trabalhando na viabilização desta obra, e ainda qual seria a capacidade e de onde viriam estes rejeitos e se a proposta para a cidade seria de R$ 50 milhões, mas a mineradora não respondeu a nenhuma das perguntas.
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