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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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Cemitério de gatos em SC esconde história de atriz, da fama à clausura

Foto: Divulgação

Edith fazia 'ritualística' para enterro de seus gatos, nos fundos da residência

Edith fazia 'ritualística' para enterro de seus gatos, nos fundos da residência

Pepito, Peterle, Milr, Mirko. Os nomes escritos nas lápides de concreto são de gatos que viveram no século passado, entre o começo dos anos 1920 e o fim dos anos 1960. O inusitado “cemitério de gatos” faz parte da história de Blumenau, no Vale do Itajaí, mas também ajuda a contar a história de sua dona, que poucos conhecem: a blumenauense Edith Gaertner, uma ex-atriz que viveu a fama e a clausura na mesma intensidade.


Descendente do fundador da cidade, Dr. Hermann Blumenau, Edith nasceu em 1882. Filha do cônsul da Alemanha e a da fundadora do teatro da cidade, era a caçula de oito irmãos. Aos 20 anos, depois da morte dos pais, Edith saiu do Brasil sozinha. Chegou a trabalhar como governanta de uma família em uma fazenda no Uruguai, mas foi na Argentina que começou a realizar seu sonho: ser atriz.

“Foi lá que conheceu Elenora Duse, uma atriz alemã, que foi sua musa inspiradora”, conta a professora Sueli Petry, diretora do Patrimônio Histórico de Blumenau. Na Europa, Edith viveu uma época de ouro: viajou pelas principais cidades da Europa. Nos mais famosos palcos, de Viena a Leipzig, Edith encenou Goethe, Schiller, Molière, Shakespeare. A crítica, contam historiadores, a recebia muito bem: sua dicção e "mímica" eram sempre elogiados.

O pós-guerra, porém, trouxe dificuldades à Alemanha. Quando, em 1924, Edith recebeu a notícia de que seus dois irmãos solteiros estavam muito doentes, viu a deixa para abandonar a carreira e retornar ao Brasil.

Vida de clausura
De volta a Blumenau, voltou à viver na propriedade da família Gaertner, construída no centro histórico da cidade, e que hoje abriga o Museu da Família Colonial e o horto. Edith tinha pouco mais de 40 anos e, para surpresa de todos, mudou radicalmente seu estilo de vida, conta a professora Sueli.

“Solteira, Edith nunca teve filhos. Não trabalhou mais com teatro, vivia enclausurada. Para passar o tempo tinha gatos, e toda a parte afetiva era para eles. Tinha seis, sete gatos de uma vez só, e à medida que os gatos foram morrendo, ela os enterrava nos fundos da casa”, diz Sueli.

Ritual de enterro
Foram mais de 50 gatos enterrados ali, garante a professora, mas apenas nove lápides permaneceram. “Ela fazia uma ritualística no enterro desses gatos”, diz Sueli. Ainda em vida, Edith doou o terreno para a prefeitura. Quando morreu, em 1967, o então diretor da Biblioteca Pública, José Ferreira da Silva, transformou o imóvel em museu.

“Em respeito a Edith, foi mantido o cemitério de gatos. Foi Ferreira da Silva quem colocou as lápides com os nomezinhos deles”, explica a professora, lembrando que as esculturas foram baseadas em imagens dos animais, mantidas até hoje pela prefeitura.

Há quem diga que este é o único cemitério de gatos do mundo. A professora Sueli não confirma, mas também não nega. “Eu desconheço outro. Mas é uma  atração a mais para os visitantes do museu”.

O cemitério de gatos pode ser visitado no Museu da Família Colonial, que fica na Alameda Duque de Caxias, 64. A entrada custa R$ 3, e as visitações ocorrem de terça a domingo, das 10 às 16h.

 
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