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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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Apesar da fila, SP tem mais de 120 crianças aguardando adoção

Até novembro deste ano, 125 crianças aguardavam em abrigos no Estado de São Paulo a oportunidade de ter uma família. Do outro lado há 1.441 pessoas esperando a oportunidade para realizar o sonho de ter um filho. Então, por que a conta não bate?


A cálculo não fecha e a fila não zera porque essas crianças não correspondem às expectativas de adoção, que passam por crivos de idade, cor e comportamento. 

De acordo com Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, desembargador e coordenador da Infância e da Juventude do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), 90% das pessoas que desejam adotar aguardam um perfil bem específico de bebês. Essa maioria quer um recém-nascido.

— Temos que desconstruir a fantasia de quer só se é mãe ou pai se trocar fraldas ou ensinar a falar. Apesar dos esforços para conseguirmos realizar adoções tardias, a partir dos três anos a criança passa a ter mais dificuldade em ser adotada e a fila demora para diminuir. Quem quiser adotar agora uma criança mais velha consegue, mas a busca focada em apenas um perfil aumenta o tempo de se tornar pai ou mãe e reduz a chance de outras crianças encontrarem uma família.

E a fila afunila ainda mais quando o assunto é cor da pele. Dados do Cadastro Nacional de Adoção, em 2013, apontam que apenas 33% das crianças que vão para adoção são brancas, mas 26% dos futuros pais adotivos exigem crianças com pele clara, deixando no limbo milhares de crianças negras e pardas que, com o passar do tempo, ainda sofrem rejeição por serem mais velhas.

Outro problema, segundo o desembargador, que faz a fila de espera por recém-nascidos aumentar, é a prática da adoção por meios ilegais, como a barriga de aluguel e a solidária (que envolve pagamento).

Carvalho explica que muitos desses bebês poderiam ir para famílias que querem fazer uma adoção dentro da lei, porém são "desviados" e ficam com pessoas que podem, inclusive, perder a criança quando tentarem registrá-la e não conseguirem provar as formas como essa criança foi parar na família.

— Tem gente que compra criança ou faz barriga de aluguel ou solidária e vai depois de anos tentar registrá-la em nome de quem a adotou. Isso é feito porque o juiz considera que retirar a criança do ambiente em que ela está pode causar prejuízos a ela. Entretanto, no meu entendimento, não há idade para retirar a criança de uma família, quando essa se mostrou incapaz de conseguir um filho adotado por meio legal. Que crédito essa família merece? Não há princípios. A venda de crianças tem que acabar.
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