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Quinta-feira, 15 de agosto de 2024

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Caso Amarildo mostra 'covardia e abuso de poder', segundo juíza

Foto: Reprodução GloboNews

Caso Amarildo mostra 'covardia e abuso de poder', segundo juíza
A juíza do caso Amarildo, Daniela Alvarez Prado, afirmou em sua sentença que o episódio que aconteceu em julho de 2013 foi marcado pela "covardia, a ilegalidade, o desvio de finalidade e abuso de poder exercidos pelos réus". A decisão final condenou os policiais que participaram no assassinato do ajudante de pedreiro após uma operação policial na Rocinha, comunidade na Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi obtida pelo Fantástico.

Ainda em seu texto, a juíza comenta sobre o despreparo dos policiais “que estariam nas UPPs justamente para a pacificação”. Ela afirma que “tudo demonstra que Amarildo foi torturado até a morte”.

Anos de prisão

Vinte e cinco PMs foram denunciados. Pelo menos oito estão condenados. Por ser um superior, que deveria dar exemplo, o major Edson Santos, que era comandante da UPP Rocinha na época, recebeu a maior pena: 13 anos e sete meses de prisão.

O tenente Luiz Felipe de Medeiros, então subcomandante de UPP, foi condenado a 10 anos e sete meses. De acordo com a sentença, ele orquestrou o crime junto com o major Edson.

O soldado Douglas Roberto Vital Machado pegou 11 anos e seis meses de prisão por ter atuado desde a captura de Amarildo até a morte dele.

Os soldados Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Jairo da Conceição Ribas, Wellington Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha da Graça foram condenados a 10 anos e quatro meses de prisão. Todos serão expulsos da corporação.

De acordo com as investigações, quando Amarildo foi levado até a sede da UPP, policiais que não participavam da ação foram levados a entrar nos contêineres e proibidos de sair dele.

Um PM que estava lá contou em depoimento que Amarildo chegou a implorar. "Não, não. Isso não. Me mata, mas não faz isso comigo", teria dito. Depois da tortura, o major Edson ordenou que os policiais que estavam nos contêineres fossem embora. "Vai todo mundo embora, não quero ninguém aqui."

Para a juiza, é evitende que o major não queria testemunhas no local. Quanto menos policiais permanecessem na sede, maiores as chances de encobrir o ocorrido, ela diz.

Uma pergunta, no entanto, segue em aberto: o que foi feito com o corpo de Amarildo? Uma outra investigação segue em andamento e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) são suspeitos de terem retirado o corpo dele da Rocinha dentro de uma viatura da corporação.

Relembre o caso
Amarildo sumiu após ser levado por policiais militares para ser interrogado na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) durante a "Operação Paz Armada", de combate ao tráfico na comunidade, entre os dias 13 e 14 de julho de 2013.

Na UPP, teria passado por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que estavam com Amarildo, eles ainda passaram por vários pontos da cidade do Rio antes de voltar à sede da Unidade de Polícia Pacificadora, onde as câmeras de segurança mostram as últimas imagens de Amarildo, que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho — fato não registrado pelas câmeras.

Após depoimentos, foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sessão de tortura a que Amarildo teria sido submetido ao lado do contêiner da UPP da Rocinha. Segundo informou o Ministério Público, testemunhas contaram à polícia sobre a participação desses PMs no crime. Após seis meses de buscas pelo corpo do pedreiro, a Justiça decretou a morte presumida de Amarildo.

Tortura

De acordo com a promotora Carmem Elisa Bastos, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo depois que ele foi levado para uma "averiguação" na base da UPP. Ainda segundo eles, outros PMs são suspeitos de participar ativamente da ação.

Enquanto, segundo a promotora, o ajudante de pedreiro era torturado por quatro policiais, outros 12 ficaram do lado de fora, de vigia. Oito PMs que estavam dentro dos contêineres que servem de base à UPP foram considerados omissos porque não fizeram nada para impedir a violência.

Outros cinco policiais que decidiram colaborar com as investigações disseram que o major Edson, então comandante da UPP, estava num dos contêineres, que não tem isolamento acústico, e podia ouvir tudo.
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