Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Brasil

País acorda para as ferrovias e planeja

Uma nova onda de investimentos promete devolver o fôlego do transporte ferroviário brasileiro nos próximos cinco anos. Entre projetos de metrôs, veículos leves sobre trilhos (VLT), ferrovias de carga e trens urbanos, o País deverá receber R$ 71 bilhões até 2014. O valor é 270% superior aos recursos aplicados entre 2004 e 2008, segundo levantamento feito pelos organizadores do evento Negócios nos Trilhos. Parte dos recursos sairá dos cofres dos governos federal e estadual. Outra parcela será bancada pela iniciativa privada.


O movimento brasileiro guardada as devidas proporções - segue a aposta mundial de reerguer o setor ferroviário. Nos últimos meses, para amenizar os efeitos da crise financeira e criar novos postos de trabalho, países, como Estados Unidos, China, Índia e algumas nações da Europa, lançaram pacotes bilionários para ampliar o transporte sobre trilhos seja de carga ou de passageiros.

No Brasil, os investimentos atuais tentam recuperar os tempos áureos da década de 50, quando a malha ferroviária chegou aos 37 mil quilômetros de trilhos. De lá pra cá, em vez de crescer, a extensão diminuiu por causa de uma série de medidas consideradas equivocadas pelos especialistas, como o foco no transporte rodoviário.
Hoje são apenas 29 mil quilômetros de ferrovias.

Mas, se todos os empreendimentos projetados saírem do papel, esse número subiria para 35 mil km, em 2015 - ainda abaixo do verificado na década de 50. Segundo o diretor da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, o plano do governo é alcançar 52 mil km de estrada de ferro até 2030 - o ideal para cobrir todo o território nacional.

Dos R$ 71 bilhões previstos para os próximos cinco anos, R$ 25 bilhões vão para a expansão do transporte de carga, explica o diretor do Negócios nos Trilhos, Gerson Toller-Gomes. Os investimentos incluem a conclusão das Ferrovias Norte-Sul, Nova Transnordestina, Litorânea Sul e Oeste-Leste, além da expansão de Carajás, Vitória-Minas e Ferronorte.

Dois desses empreendimentos estão sob responsabilidade da estatal Valec. No caso da Norte-Sul, o mais avançado de todos os projetos com 215 km em operação, o trecho até Palmas, terá de ser concluído até dezembro do ano que vem. Essa é uma das exigências do contrato assinado com a Vale, vencedora do leilão de subconcessão, em 2007. A construção da ferrovia, lançada no governo Sarney, em 1986, está sendo feita pela Valec com o dinheiro obtido nessa disputa.

Outros leilões deverão ocorrer nos demais trechos. Mas, assim como boa parte dos projetos de infraestrutura no País, algumas áreas estão paradas por determinação do Tribunal de Contas da União . Outra aposta do governo , é a Ferrovia da Integração Oeste-Leste, que vai ligar o oeste da Bahia até o litoral, num percurso de 1.500 km.
No total, serão necessários investimentos de R$ 6 bilhões. Mas nem todo esse montante foi considerado no levantamento do Negócios nos Trilhos, já que eles não acreditam que o empreendimento fique pronto até 2014. A ponderação faz sentido diante da dificuldade para concluir um projeto no País.

O término da Nova Transnordestina, por exemplo, estava previsto para o ano que vem. Mas diante de entraves financeiros e problemas na desapropriação das áreas, a construção está a passos de tartaruga. Aparentemente, as pendências foram resolvidas, o que alimenta a esperança de que agora a obra - de R$ 5,4 bilhões tocada pela CSN seja acelerada.

Outro projeto privado é a expansão da Ferronorte, da América Latina Logística. Segundo o presidente da empresa, Bernardo Hees, serão investidos R$ 700 milhões para construir 250 km de ferrovia, entre Rondonópolis e Alta Araguaia, em Mato Grosso. Além disso, a empresa tem um projeto com a Cosan para elevar a quantidade de açúcar transportado até o Porto de Santos por via férrea. "Tudo isso vai elevar nossa capacidade de transporte nos próximos cinco anos."

PASSAGEIROS

Entre os projetos para transporte de passageiros, a grande aposta é o Trem de Alta Velocidade (TAV), entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O empreendimento, de R$ 34 bilhões, está previsto para entrar em operação até a Copa de 2014. Comissão de vários países tem desembarcado no Brasil para conferir os detalhes do projeto. Há ainda a possibilidade de o governo lançar um TAV ligando Brasília à Goiânia. A construção da linha seria bancada por recursos federais em parceria com os governos de Goiás e do Distrito Federal.

No transporte urbano, uma alternativa que caiu no gosto dos governos municipais e estaduais é o VLT. Trata-se de um metrô leve com capacidade para 400 pessoas e com um custo que representa 1/3 do metrô tradicional. "Esse é o momento de focar o VLT. Ele é mais barato e mais rápido de ser construído", afirma o secretário de Estado dos transportes metropolitanos de São Paulo, José Luiz Portella. Segundo ele, a capital terá três VLTs construídos pelo governo: Expresso Tiradentes, Congonhas-São Judas e Vila Nova Cachoeirinha-Lapa.

O secretário destaca ainda que, além das expansões do metrô em andamento, a ampliação da frota paulista, com a compra de novas composições e reforma de unidades antigas, trará maior comodidade aos passageiros. Além da cidade de São Paulo, Santos, Brasília, Recife, Fortaleza e Cariri também aderiram à moda do VLT.

Para o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, os recursos previstos para os próximos cinco anos, são de extrema importância para a economia e bem-estar social da população brasileira. Mas, na avaliação dele, o País precisa acelerar ainda mais os investimentos no setor. No caso do transporte de cargas, a ampliação da malha ferroviária está diretamente ligada à melhoria de competitividade do produto nacional. "Os R$ 70 bilhões servem apenas para dar o pontapé inicial. Temos de aproveitar este momento de euforia no mundo com o setor e atrair o investidor estrangeiro."
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet