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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Vizinhos de Eloá relatam traumas um ano depois do crime

Um ano depois da morte da estudante Eloá Pimentel, o conjunto habitacional na periferia de Santo André onde ela vivia ainda enfrenta traumas da noite de 18 de outubro de 2008, quando a adolescente morreu atingida por dois tiros. Eloá ficou mais de cem horas sob a mira do ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes, que está hoje preso em Tremembé, no interior de São Paulo.


Ronickson Pimentel, de 22 anos, irmão de Eloá, afirma que a família se mudou do apartamento, diz que não há homenagens previstas à memória da irmã e evita comentar o caso. "Não tenho nada a dizer", afirmou.

O apartamento onde Eloá vivia tinha luzes acesas no final da tarde de quinta-feira (15), mas cortinas nas janelas impediam contato. O morador do andar de cima aceitou falar com a reportagem do G1, mas rapidamente um grupo de cinco mulheres bloqueou a entrada do prédio. "A pessoa que mora aqui está ficando louca", disse uma delas, apontando para o apartamento onde Eloá vivia, "porque não deixam ela em paz", afirmou.

Apesar da censura das vizinhas, o homem aceitou falar sobre a morte da adolescente e o impacto que o episódio teve na vida de todos. "As pessoas se mudaram, não apareceram mais por aqui. Ficamos muito afetados com a perda da Eloá, que a gente conhecia desde criança", disse.

Encarregadas de afastar estranhos do prédio, uma das amigas de Eloá pede que o assunto seja esquecido. "A gente sente a morte dela, mas não está prevista nenhuma homenagem", disse.

No muro de um prédio próximo e nas portas de garagens improvisadas em frente ao prédio 24, ainda é possível ler mensagens de apoio a Eloá, escritas com tinta spray: "Eloá, Deus está com você".

Sobrevivente do sequestro por duas vezes, a estudante Nayara Rodrigues da Silva, de 16 anos, busca retomar a própria rotina.

"Ela tenta levar a vida dela, mas não é uma coisa fácil. Ela ainda é uma criança", disse a avó de Nayara, Neusa Rodrigues da Silva. "Isso tudo deixa ela nervosa", afirmou. Agora com 16 anos, Nayara mudou de escola, mas é reconhecida por onde vai. "Ela está estudando, levando a vida de qualquer adolescente, mas todo mundo a questiona sempre", disse o advogado de Nayara, Marcelo Augusto de Oliveira. "Estamos bem, mas ela não toca no assunto", disse o pai da menina, o autônomo Luciano Vieira.

Preso em flagrante e denunciado por sequestro, cárcere privado, tentativa de homicídio, homicídio e posse ilegal de arma, Lindemberg aguarda julgamento na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo. "Está um pouco devagar [o início do julgamento]", reclamou o pai de Nayara.

A defesa de Lindemberg impetrou dois habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, um com pedido de liberdade provisória e outro para suspender o andamento do processo. As liminares foram negadas, mas o gabinete do ministro Celso Limongi analisa o mérito das ações e já recebeu pareceres do Ministério Público Federal sobre o assunto.

Lindemberg também aguarda a manifestação do desembargador Pedro Menin, da 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça, que analisa recurso contra a decisão que leva Lindemberg ao Tribunal do Júri.

A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, disse em entrevista por telefone que ele está bem de saúde, vive em uma cela junto com outros presos e recebe quinzenalmente a visita da mãe e das irmãs. De acordo com ela, Lindemberg é um preso de bom comportamento. "Ele nunca foi punido. Nunca teve nenhum problema", afirmou.
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