Uma das principais testemunhas de acusação contra um dos investigados pelo assassinato da irmã Dorothy Stang teria sofrido um atentado na quinta-feira, no município de Anapu (PA). A informação foi passada neste sábado por Jane Dwyer, da mesma congregação da irmã Dorothy. Segundo ela, apesar de ter levado diversos tiros nas pernas, na cabeça e na boca, Roniery Bezerra Lopes não morreu e está internado em estado grave em um hospital da região.
O suposto atentado teria sido cometido menos de três horas após Lopes ter recebido intimação da Justiça para ser testemunha de acusação contra Regivaldo Pereira Galvão, no caso que investiga fraudes, uso de laranjas e falsificação de documentos para esconder a grilagem do Lote 55, local onde Dorothy foi assassinada e centro dos conflitos agrários na região. Um inquérito foi aberto e a PF acabou comprovando a falsificação documental, o que levou à abertura de novo processo em fevereiro de 2009 contra Galvão, para quem Lopes trabalhava.
A assessoria do Ministério Público Federal (MPF) no Pará afirmou que Lopes participava das negociações envolvendo a área, mas disse não ter sido notificada sobre o suposto atentado.
"Ele (Lopes) recebeu a intimação entre as 18h e 19h, e o atentado ocorreu por volta das 21h", afirmou Jane. "A informação que tive foi de que foram muitos disparos, afetando inclusive a espinha. Quanto ao tiro na boca, é uma prática comum daqui para passar uma mensagem clara a quem faz denúncias", disse Jane.
A irmã afirmou ainda que, no momento do atentado, Lopes estava acompanhado de uma mulher e uma criança. "Parece que era a mulher dele, que também levou um tiro, mas, ao que fui informada, ela não corre risco de vida", disse.
A missionária Dorothy Stang foi morta com seis tiros em Anapu, a 300 km da capital paraense, em fevereiro de 2005. Ela participava da Comissão Pastoral da Terra e trabalhava em constante diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções para conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na região.
