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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Família de Dorothy Stang pede justiça às vésperas de julgamento de assassino

Os familiares de Dorothy Stang, a freira americana assassinada em Anapu (PA) em 2005 por defender trabalhadores rurais e a preservação ambiental na Amazônia, clamaram hoje por justiça, às vésperas do novo julgamento de amanhã. Será o terceiro julgamento em quatro anos a que será submetido o assassino confesso da religiosa.


"Eu só quero justiça. Quero que a verdade seja aceita e os direitos respeitados", afirmou David Stang, irmão da missionária, em declarações a jornalistas em sua chegada a Belém, onde acontece o novo julgamento de Rayfran das Neves Sales.

Sales, autor confesso do crime, foi condenado inicialmente em dezembro de 2005 a 27 anos de prisão por homicídio qualificado e por ter atuado como assassino de aluguel.

O assassino teve direito a um novo julgamento, benefício previsto pelas leis brasileiras a condenados a mais de 20 anos de prisão. Em outubro de 2007, a pena foi elevada para 28 anos, mas só pelo crime de homicídio qualificado, já que ele negou na época ter recebido dinheiro.

A sentença foi cancelada porque, após a comprovação do pagamento de recompensa, o Ministério Público exigiu que a condenação fosse aumentada em um novo julgamento.

Dois meses antes de o assassinato completar cinco anos e sem que nenhum dos acusados de ter encomendado o crime esteja preso, as companheiras de Dorothy na congregação Notre Dame de Namur, que continuam trabalhando pelos camponeses na Amazônia, denunciam que as ameaças continuam e temem novos homicídios.

Dorothy, que tinha 73 anos, foi assassinada em uma emboscada em uma zona rural de Anapu, onde liderava um projeto de assentamento de trabalhadores rurais sem-terra. A religiosa, que vivia há décadas na Amazônia, tinha sido ameaçada de morte em várias oportunidades por fazendeiros, madeireiros e latifundiários da região.

Além de Sales, há outros dois condenados até agora pelo crime. Clodoaldo Carlos Batista, que acompanhou o autor dos disparos, mas estava desarmado, e o fazendeiro Amair Feijoli da Cunha, que admitiu ter sido um intermediário no crime.

Batista e Cunha foram condenados a 17 e a 18 anos de prisão, respectivamente, e, após terem cumprido três anos, passaram ao regime semiaberto.

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, condenado em primeiro julgamento a 30 anos de prisão por ter encomendado e financiado o assassinato, foi absolvido em segunda instância, em uma decisão que causou protestos de várias ONGs e até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Moura se beneficiou então de uma mudança de testemunho do pistoleiro, que alegou ter atuado por iniciativa própria. O fazendeiro vai ser julgado novamente, ainda sem data marcada, e espera em liberdade.

"Esse homem também deveria ser julgado amanhã. Não queremos assistir a outro espetáculo de falsidades. Esperamos que, pelo menos desta vez, a justiça prevaleça", disse David Stang.
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