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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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São Luiz do Paraitinga divide tempo entre cair na folia e reconstruir casas

Entre os moradores que caíram na folia neste carnaval em São Luiz do Paraitinga (SP), são poucos os que não foram prejudicados por conta das chuvas que devastaram o centro histórico da cidade há um mês e meio. Junto com os voluntários que estão no município para ajudar na reconstrução da cidade, a população luizense não deixou a poeira baixar e organizou uma espécie de carnaval de “resistência”.


“A população da cidade já está triste por tudo o que aconteceu e ainda vamos deixar o carnaval morrer?”, argumentou o morador Valnir Emboaba, de 25 anos, que teve a casa completamente coberta pela água no início de janeiro. “Só ficou o telhado de fora”, disse.

Apesar da estrutura da casa de Emboaba não ter sido afetada, a família perdeu todos os móveis e eletrodomésticos. “Vamos recomprar as coisas aos poucos”, disse.

A comemoração oficial do carnaval na cidade foi cancelada pela prefeitura municipal logo após a tragédia, uma vez que não há estrutura para receber os cerca de 180 mil foliões que costumam visitar a cidade no carnaval. Mesmo assim, os moradores organizaram um carvaval "independente".

Voluntários

Diferentemente dos foliões dos anos anteriores, os turistas que estão em São Luiz do Paraitinga neste carnaval são voluntários para ajudar na reconstrução da cidade. Alguns colaboram com a distribuição de alimentos e outros, com a limpeza de casas que ainda estão intactas desde a tragédia.

“Limpamos uma casa que ainda tinha lama e objetos molhados”, afirmou Danielly Rodrigues, de 28 anos, que faz parte de um grupo de voluntários vindos de São Paulo para ajudar no que puderem. De acordo com Danielly, o dono da casa que foi limpa não tinha coragem de entrar para revirar os pertences que foram destruídos.

O feriado do estudante Thiago Bilard, de 21 anos, também foi dividido entre a limpeza da casa e a folia do carnaval. A casa de sua família foi dominada pelas águas em janeiro e seus pais precisaram alugar um imóvel em Taubaté, cidade vizinha, para morar enquanto não terminam de arrumar a casa.

“Neste feriado estou pintando a casa. Mas resolvei dar um tempo para pular o carnaval com os amigos”, disse Thiago, que também perdeu o emprego, uma vez que trabalhava em um comércio que foi afetado pelas chuvas.

Para o músico Alexandre Augusto Toledo de Sousa, de 33 anos, conhecido como “Peixe”, os luizenses não devem deixar o espírito do carnaval morrer. “A movimentação é de suma importância. É isso o que sabemos fazer”, afirmou. Peixe é integrante da banda Confrete, que agita os festivais de marchinhas do carnaval luizense há 15 anos.

A família do músico também foi prejudicada pelas chuvas. Segundo ele, a casa de sua avó teve as paredes destruídas e a papelaria de seu pai foi totalmente devastada. 

Os irmãos Micail e Micaeli de Almeida, ambos de 29 anos, também tiveram a casa atingida pela tragédia e, mesmo assim, não deixaram de pular o carnaval.

"É isso o que tem que ser feito. A nossa cidade é isso”, afirmou Micaeli. A casa deles é de pau a pique e teve os fundos destruídos. “Tivemos que fechar os fundos para voltar para casa. Mas anda não conseguimos fazer muitas coisas e o resto está tudo do jeito que ficou”, revelou a irmã.

“Todos ainda estão muito tristes com tudo o que aconteceu, mas alegria tem que existir. É carnaval”, disse o morador Paulo Henrique Freire, de 32 anos. 
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