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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Marinha tinha divulgado alerta de vento forte na região do naufrágio no RJ

Desde a última terça-feira (16) o serviço meteorológico da Marinha brasileira vinha divulgando um aviso de vento forte e muito forte na região onde ocorreu o acidente com o veleiro canadense, Concordia, que naufragou na tarde de ontem (18) a cerca de 300 milhas náuticas (aproximadamente 550 km) do litoral do Rio de Janeiro.


Segundo um técnico da Marinha, no final da tarde de ontem foram registrados ventos que variavam entre 45 km/h e 65 km/h. Ainda foram observadas ondas de até 2,5 metros no período. Também havia previsão de chuva na região.

De acordo com a DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação), órgão da Marinha, o vento segue uma escala de 0 (calmaria) a 12 (furacão). Desde o dia 16 de fevereiro eram observados ventos de escalas 7 (forte) e 8 (muito forte). Ricardo Medina, proprietário da BRmar, uma escola náutica localizada em São Paulo, afirma que um vento de intensidade 7 seria capaz de provocar ondas de até 5 metros de altura.

Um técnico do serviço meteorológico da Marinha informou que o dever do órgão é alertar aos navegantes sobre as condições, mas que cabe ao comandante da embarcação decidir como atuar. “O responsável pelo barco é quem deve definir se há condições de seguir viagem ou se a melhor opção é atracar o barco ou mudar a rota”, afirma. Ele ainda acrescenta que a comunicação entre a Marinha e as embarcações é feita por meio de rádio.

Na opinião do empresário Ricardo Medina, muitas podem ser as causas do naufrágio. “O vento pode ter provocado um desequilíbrio na embarcação, porém o importante é averiguar quais eram as condições deste veleiro: se a documentação estava em dia, se havia excesso de carga ou se o posicionamento do navio durante a ventania era a mais adequada”, diz.

Medina informa que os ventos podem gerar grandes ondas, o que, dependendo das condições da embarcação, contribuiria para o naufrágio. Porém, “ainda é muito prematuro dizer que foi isso o que causou o acidente”, complementa.

Um dos tripulantes resgatado informou à Marinha que durante a travessia a embarcação enfrentou fortes ventos antes de naufragar.

Naufrágio
Todas as 64 pessoas que estavam no veleiro Concordia já foram resgatadas. O navio-escola canadense, que pertencente ao "West Island College Internacional", estava realizando a travessia de Recife (PE) para Montevidéu, no Uruguai.

O Comando do Primeiro Distrito Naval, do Rio de Janeiro, não informou o local exato do naufrágio. Porém, foi confirmada a informação de que as vítimas estão em um navio mercante em alto mar e que deverão chegar ao Rio de Janeiro somente amanhã (20).

Segundo a assessoria da embaixada brasileira no Canadá, localizada na cidade de Ottawa, em Ontario, 47 dos 64 ocupantes do barco são estudantes estrangeiros. A princípio, havia sido divulgado que todos eram canadenses, mas, de acordo com a embaixada, eles são de diversos países -Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Japão e Reino Unido. Segundo as informações, entre os estudantes resgatados estão universitários, alunos do ensino médio e integrantes da tripulação.

Em nota divulgada, a instituição de ensino canadense afirma que está em constante contato com as forças de emergência brasileiras. A nota ainda diz que os familiares das vítimas do naufrágio contarão com toda a assistência necessária para garantir que os ocupantes do veleiro sejam adequadamente atendidos e repatriados com segurança o antes possível.

O ministro canadense das Relações Exteriores, Lawrence Cannon, agradeceu a ajuda brasileira no resgate dos estudantes estrangeiros. "Agradeço as autoridades brasileiras que realizaram essa operação de resgate e agiram rapidamente para prestar assistência ao veleiro e a seus passageiros", disse, por meio de nota. "A tripulação e todos os passageiros se encontram sãos e salvos. É uma boa notícia", completou.

O ministério de Relações Exteriores do Canadá informou à reportagem do UOL Notícias que os oficiais consulares do país no Brasil estão prontos para receber os cidadãos canadenses e dar-lhes toda a assistência necessária. O governo canadense afirmou ainda, assim como a escola responsável pelos alunos, que não pode disponibilizar mais informações sobre os estudantes que estavam a bordo devido ao Ato de Privacidade que rege o país em questões como estas.

A Fragata Constituição da Marinha Brasileira, que leva uma aeronave a bordo, chegou ao ponto do naufrágio no início da tarde de hoje. Navios mercantes que navegam naquela área marítima também participam da operação.

A Marinha informa que por volta das 17h de ontem (18) solicitou à FAB (Força Aérea Brasileira) que uma aeronave investigasse a emissão de um sinal de emergência acionado pelo navio. Por volta das 20h, a aeronave localizou uma balsa salva-vidas com pessoas nas proximidades do local onde foi detectada aquela emissão.

De acordo com o itinerário publicado no site da escola canadense, o veleiro partiu de Lunenburg, no Canadá, no dia 7 de setembro de 2009. Segundo as informações, o navio-escola parou em Portugal, Irlanda, França, Malta, Turquia, Tunísia, Marrocos e Senegal, antes de chegar ao Recife, no dia 20 de janeiro de 2010.

A data prevista para o início do segundo semestre letivo era o dia 6 de fevereiro, quando o veleiro saiu do Recife em direção à cidade de Montevidéu, no Uruguai. A previsão é de que a chegada à capital uruguaia fosse no dia 23 de fevereiro.

A instituição
Fundada em 1984, a West Island College Internacional oferece aos jovens de todo o mundo a oportunidade de cursarem parte do ensino médio e da universidade a bordo de um veleiro.

O Concordia, construído em 1992, é um navio de 57,5 metros, capaz de transportar até 66 pessoas. Com um mastro de 35 metros, a embarcação possui 15 velas.

O site da instituição informa que os estudantes a bordo são assistidos por uma equipe de 10 profissionais, incluindo o capitão William J. Curry. Segundo a escola, a tripulação tem em média 200.000 milhas náuticas de experiência em navio à vela.
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