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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

Notícias | Brasil

Ação flagra despejo ilegal de entulho, mas não tira sujeira

Polícias militar, civil e científica, agentes municipais das 31 suprefeituras da cidade, além do pessoal da Companhia de Engenharia de Tráfego percorreram ontem as quebradas mais sinistras de São Paulo, atrás de contraventores que movimentam a economia do lixo e do entulho clandestinos. Para a prefeitura, os clandestinos carregam parte da responsabilidade pelas enchentes que vêm castigando a cidade.


O objetivo da operação era flagrar o pessoal que mexe com caçambas e caminhões de entulho no exato momento em que estivessem descarregando o lixo em vias públicas ou aterros ilegais. Como o descarte de entulho clandestino é feito quase sempre de madrugada, a repressão foi montada de modo a ter seu pico nesse período.

Na área da Subprefeitura da Lapa (zona oeste), a reportagem acompanhou homens da prefeitura no reconhecimento de terreno. Viu montanhas de lixo, ruínas e destroços despejados em avenidas, ruas e praças, particularmente as localizadas em bolsões de pobreza. Cenários de guerra.

No total, a operação, que contou com 300 policiais civis, cem PMs e 150 funcionários municipais, flagrou 11 caminhões, um trator, uma retroescavadeira e nove veículos menores fazendo o descarte ilegal de entulho. Treze pessoas foram detidas e liberadas após assinarem termos circunstanciados.

Lixos, entulhos, sucatas permaneceram onde estavam. A prefeitura diz que providenciará a limpeza dos locais.
Para o secretário das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, outras blitze como a de ontem devem ocorrer "o quanto antes".

Segundo o engenheiro Luis Sergio Akira Kaimoto, consultor de questões ambientais, "para apresentar resultados, seria necessário que a fiscalização dos despejos ilegais fosse permanente e não episódica. Uma megaoperação serve para sinalizar a intenção do poder público no sentido da tolerância zero. Mas é preciso que se transforme em rotina".

"Ai desta cidade se não existissem vários Jorges como eu", disse à Folha Jorge Hilton Silva dos Santos, proprietário de uma empresa de reciclagem, autodeclarada de "coleta de resíduos sólidos não perigosos de construção civil e estacionamento de caçambas".

"A pessoa faz uma reforma e produz entulho, que vai para a caçamba. E onde isso acaba? Aqui --e nas empresas de outros Jorges. A prefeitura não tem como atender a todo esse movimento. Nós prestamos um favor a eles, tirando esse lixo das ruas."

"Ele não tem registro para manter esse negócio e ponto", arrematou Sonia Francine, subprefeita da área, fechando o terreno de 3.200 metros quadrados, vizinho à favela do Jaguaré (zona oeste), que Jorge mantém como local de recepção de entulho. O local havia sido interditado em dezembro.

A prefeitura pegou de tudo. Dois homens acabaram na delegacia porque foram flagrados ao tentar despejar cinco toneladas de entulho numa rua de Pirituba. E teve ainda o motorista de um caminhãozinho vermelho, surpreendido quando se desfazia de quatro caixas de papelão em um cruzamento no Alto da Lapa.

"Ai, que pena. Que dó", murmurava a subprefeita enquanto via o flagrante. Ao lado das caixas, pilhas de lixo ali colocados pelo serviço municipal de varrição de rua e pelos moradores do quarteirão estavam jogados, esperando recolhimento.
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