Quartel da polícia militar na zona norte de São Paulo na noite desta quinta-feira (22). Poucos policiais de plantão. Grande parte dos policiais militares foi convocada às pressas para se apresentar na Corregedoria.
O repórter César Tralli mostrou no 'Jornal Nacional' que um homem, preso por policiais militares, apareceu morto poucas horas depois.
Eduardo Luis Pinheiro dos Santos, de 30 anos, e mais três rapazes foram detidos durante uma discussão. "Só o Eduardo chegou a ser algemado porque ele acabou meio que falando alto, acabou desacatando a autoridade. Então acabou que foi algemado e tudo o mais".
Há uma outra delegacia na mesma avenida onde houve a abordagem policial. A distância de uma para outra não passa de 500 metros. Em um dos distritos não há nenhum registro, nenhuma ocorrência policial constando o nome de Eduardo e dos outros três rapazes.
Segundo as testemunhas, eles não entraram mesmo na delegacia. Foram levados diretamente para o prédio da Companhia da polícia militar. No quartel, Eduardo foi separado dos outros rapazes. "Levaram para o fundo e ali mesmo deram uns chutes nele, umas bicas. Eu ouvi e até vi"
Duas horas depois os rapazes foram liberados, menos Eduardo. Policiais militares do mesmo quartel levaram o motoboy morto para o hospital, sem nenhuma identificação.
Na ficha do desconhecido, descrição de hematomas na cabeça e manchas de sangue internas pelo corpo. Causa possível da morte: trauma no crânio ou hemorragia.
O Departamento de Homicídios está convencido de que Eduardo foi assassinado.
"O presidente do inquérito já solicitou a escala dos policiais que trabalharam no dia, a escala de viaturas que foram utilizadas, bem como todas as fotografias desses policiais", afirma a delegada, Elisabete Sato.
No noite desta quinta-feira a Corregedoria da polícia anunciou a prisão de oito policiais do quartel onde Eduardo foi vítima de tortura, segundo a investigação.
"Os policiais militares estão sendo recolhidos para a Corregedoria para que todos sejam ouvidos e a verdade esclarecida.", afirma o major da polícia militar, Reinaldo Zychan.
O irmão de Eduardo desabafa: "eu posso garantir que essa dor é praticamente insuportável, ela pode ser amenizada, mas ela nunca vai passar totalmente".