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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Opinião: Estar no mundo virtual faz esquecer que ele está inserido no real

A ampliação do conhecimento pelas pessoas se deve muito ao advento da internet. Quem tem acesso a ela, esteja onde estiver, pode saber de coisas que, de outra forma, seria quase impossível. Inclusive, entra-se em contato com a produção científica, que antes era restrita às bibliotecas universitárias.


Mas não é só isso: compras são feitas, operações bancárias realizadas, acompanhamento da vida escolar dos filhos, e tantas outras coisas... Inclusive, as pessoas se relacionam com outras através da internet, fazendo coisas que para elas seria inconcebível de outra forma. Afinal, não têm que encará-las frente a frente.

Tanto é assim que, nas redes sociais, as pessoas chegam a fazer um diário sobre suas vidas. Contam tudo. Algo que, em outros tempos, se restringia a um diário, que era apenas lido por quem o escrevia, tendo segredos ou não. Era um espaço privado.

Hoje, por pouco que possam dizer sobre si, estão se expondo a milhares de pessoas em todo o mundo. Sem ter bem clara a exposição que terão. Com a diferença de que, queimado o diário, ele deixa de existir. Na internet isso não acontece – não basta deletar uma informação, foto ou vídeo, eles podem ter sido copiados por alguém, que vai usá-los como bem entender. Não se tem o controle das coisas.

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Opinião: Mães morrem um pouco quando perdem os filhos Opinião: Enem deve servir para escolas repensarem métodos Opinião: Quando somos traídos por nossas figuras de adoração Opinião: É difícil ensinar e aprender sem saber qual é o valor da educação Isso tem complicado a vida de alguns adolescentes (não só deles), como a menina de 14 anos que teve sua intimidade exposta em imagens num site de relacionamento. Ou o rapaz de 19 anos que deu detalhes de sua vida pessoal, ajudando pessoas de má-fé a planejarem seu sequestro.

Estar no mundo virtual faz esquecer que ele está inserido no real. Com uma ideia de que se tem controle sobre ele, que se está no comando, bastando dar um clique. Essa é uma das características observadas nos adolescentes, que sentem poderem e saberem tudo, como se sempre estivessem no controle das coisas e de suas vidas. Como a ideia de que usar droga depende só da vontade deles, achando que podem parar de usá-las na hora que bem entenderem.

Assim, acabam agindo de maneira impulsiva, não considerando todos os fatores envolvidos numa ação. O que fica difícil balizar quando se lida com a internet, pois justamente não é possível fiscalizar para onde vão as informações lá colocadas e o que vão fazer com elas. Perde-se o controle.

Limite
Não só eles estão perdendo a noção de controle, seus pais os acompanham nisso. Os valores passados a eles em prol de uma liberdade que foi conquistada a duras penas tem se confundido com falta de limites. Para muitos liberdade sexual e libertinagem é a mesma coisa. Não é.

Exercer livremente algo não exime ninguém de responsabilidade. Principalmente em relação a si próprio. Que preço paga alguém que é visto nu ou em carícias íntimas com outra pessoa por milhares? Para alguns, fica difícil até sair de casa. Mesmo que se diga que ninguém tem nada a ver com isso.

Além de tudo isso, há um outro fator – a necessidade de exposição e de serem vistas que as pessoas têm sentido. Já geramos nossos filhos mostrando-os ao mundo, com os ultrassons avançados. Filmamos seu nascimento e mostramos a todos, inclusive a eles, que se assustam com as imagens. Há pais que já procuram uma agência de modelos quando ainda são bebês. E vão cada vez mais valorizando isso, esquecendo-se do valor da privacidade.

Não precisamos voltar aos valores da era vitoriana ou à época em que não se podia dizer nada sobre si, com o risco de ser mal interpretado pela ditadura. Porém, temos que preservar o que mais de valioso temos – nós mesmos
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