Os dias nublados em Belo Horizonte deram lugar a um domingo (4) ensolarado no segundo dia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), quando 653.074 mineiros devem responder questões de matemática, linguagem e escrever uma redação.

Duas horas antes do início da prova, centenas de pessoas se aglomeravam em frente à Faculdade Pitágoras, no bairro Luxemburgo, na região centro-sul da capital mineira. Em meio à multidão, os primos Isabela Bretas, de 18 anos, e Henrique Guerra, de 17, se esbarraram e descobriram que fazem o Enem no mesmo local.

Isabela, que se formou no ano passado e tenta pela segunda vez ingressar no curso de engenharia civil na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), não sabe o que esperar das questões desta tarde.

— É meio imprevisível. Ontem a de humanas foi mais tranquila, e a de ciências da natureza, mais difícil. Tivemos que pensar mais, mas os textos foram menores que no ano passado. Espero uma prova de matemática com textos menores.

A jovem estuda em uma escola particular, e acredita que o novo sistema de cotas adotado pela UFMG, que reserva 12,5% das vagas para estudantes de escolas públicas, vai aumentar a concorrência, assim como seu primo, que tenta uma vaga em publicidade e propaganda na UFMG.

— Não fiz cursinho, estou estudando por mim mesmo. Tenho aula o dia inteiro e estudo à noite. Ontem física pegou mais, biologia e química estavam tranquilas.

O estudante de 17 anos Guilherme Augusto, se forma neste ano, e quer ser engenheiro elétrico. Ele diz que estudou bastante, treinou várias redações, e quer driblar o cansaço dos grandes textos das questões. O jovem aposta no novo sistema de cotas da UFMG, já que é aluno de uma escola pública.

— Vai ser bom para a inserção desses alunos. É um incentivo. Muitos desistem porque acham que não tem condições de passar.

O vizinho de Augusto, que também tem 17 anos, vai tentar de tudo: UFMG, Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto) e UFV (Universidade Federal de Viçosa). Jederson Rocha, diz que o Enem foi o que ele esperava.

— Até que não fiquei cansado, mas dormi bastante antes. Nesta semana só descansei, é uma prova que temos que respeitar.

Segundo dia

Os candidatos terão cinco horas e meia — uma hora a mais que sábado (3) — para responder a 90 questões de múltipla escolha e escrever uma redação.

Neste segundo dia, os alunos serão testados nas áreas de linguagens, códigos e suas tecnologias — língua portuguesa, literatura, língua estrangeira (inglês ou espanhol), artes, física, tecnologias da informação e comunicação —, matemática e suas tecnologias e redação. O R7 trará, ao final do dia, a correção comentada da prova feita pelos professores do cursinho Oficina do Estudante.

O primeiro dia de provas do Enem ocorreu "dentro da normalidade", segundo o Inep. Entre a 00h01 até as 14h04 deste sábado, 168.623 inscritos entraram na página do instituto para confirmar o local de prova. O call center recebeu 4.825 chamadas, basicamente para confirmação de local da realização da prova.

Eliminados

Ao todo, 37 candidatos foram eliminados e retirados das salas de exame após postarem fotos dentro dos locais de prova. As redes sociais foram monitoradas pelo MEC (Ministério da Educação) durante a prova. Os casos foram registrados em vários Estados do País.

Segundo o órgão, foram registrados três casos isolados de queda temporária de energia. O problema teria sido resolvido sem qualquer prejuízo da realização das provas. Na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), faltou luz enquanto os candidatos se preparavam para iniciar a prova.

Boato

Na manhã de sábado, surgiu, nas redes sociais, o boato de que o exame havia sido cancelado. O MEC desmentiu informação falsa, que acabou virando trending topic no Twitter.

De acordo com a assessoria do MEC, a Polícia Federal informou que identificou a origem do boato que "tem o objetivo de tumultuar a prova". O órgão negou que haja qualquer problema com o exame.

Mais de 5,7 milhões de estudantes brasileiros são esperados para fazer a prova. O Estado de São Paulo tem o maior número de inscritos, com 932,4 mil, seguido de Minas Gerais (653.074), da Bahia (421.731) e do Rio de Janeiro (408.902).