Enquanto o padre Osvaldo dos Santos, diretor da Faculdade Católica em Cuiabá, dava uma coletiva de imprensa sobre encerrar as atividades da FAC com responsabilidade, alunos eram impedidos de entrar na instituição para estudar na biblioteca.
O porteiro que barrou os estudantes se limitou a dizer que durante o dia o local é uma escola de ensino fundamental e médio, o Patronato Santo Antonio, e somente à noite é que funciona a faculdade. Contudo, Jucilei de Moraes Amorim, acadêmica de 22 anos do segundo semestre de administração da FAC, afirma que este é um costume não só dela, mas de vários estudantes que no período de provas procuram estudar na biblioteca da faculdade.
Minutos antes, o diretor da faculdade anunciava oficialmente o fim da FAC e apoio irrestrito aos alunos da instituição. Segundo ele, os acadêmicos que estão no início do curso serão transferidos para outras instituições de nível superior e terão os custos ou bolsas mantidos. “Se aqui pagavam R$ 50,00, continuarão a pagar R$ 50,00.”
Entretanto, Jucilei alega que nada foi esclarecido aos alunos. Eles nem mesmo sabem para que instituição serão transferidos. Outra preocupação é a grade curricular, que geralmente são diferentes para evitar mobilidade acadêmica. A aluna também disse que não foi explicado se os alunos que estão para se formar receberão diploma.
Durante o anuncio oficial, Osvaldo dos Santos disse que a perda no aproveitamento de matérias é pequena, pois nos semestres iniciais, as grades curriculares de diferentes faculdades são parecidas. Já os alunos que cursam o sétimo e oitavo semestre concluirão os cursos na própria instituição. Ele também garantiu que todas as medidas para o reconhecimento do diploma pelo MEC já foram tomadas.
O diretor também explicou que a manifestação de ontem deve ter se dado devido a uma ‘precipitação’ dos estudantes. “Talvez eles não estivessem preparados para ouvir e se precipitaram”. Pois segundo ele, todas as medidas para que não haja prejuízo no processo educacional estão sendo tomadas.
Contudo, Jucilei reclamou que os alunos não foram chamados para uma discussão sobre o assunto. Segundo ela, os estudantes foram apenas informados de uma decisão unilateral da faculdade. Lehu Wanio, militante do movimento estudantil que ajudou a fundar o Diretório Central dos Estudantes da FAC, também barrado na entrada da faculdade, contou que essa falta de esclarecimento e decisão repentina levou os estudantes a impedirem a entrada e saída de qualquer pessoa da instituição na noite de ontem (22).
Para fechar as portas
Sentado entre a assessora jurídica da Missão Salesiana, Denise Barbosa, e da assessora pedagógica, Maineide Sanatto Velasques, o diretor anunciou que a faculdade fechará devido à sua inviabilidade econômica. Segundo Osvaldo, desde a fundação, em 2005, ela se manteve no ‘vermelho’.
Apesar da insustentabilidade econômica ser o principal motivo, Osvaldo dos Santos ainda enumerou três motivos que ele considerou como principais para o fechamento. Em primeiro luigar a baixa demanda. Este ano foram abertas 40 vagas, sendo metade para o curso de Administração e outra para Sistema de Informação. Houve apenas 16 inscrições, menos de 50%.
O segundo motivo é a descontinuidade dos cursos.Exemplo disso é que só existem duas turmas de Sistema de Informação, uma no segundo semestre e outra no sétimo.
O terceiro motivo é a alta taxa de inadimplência, que, segundo ele beira os 50%. Sendo assim, mesmo contando com cerca de150 alunos, não é possível cobrir a folha de pagamento dos funcionários e os encargos.Assim que a faculdade encerrar totalmente suas atividades, 25 funcionários devem ser dispensados.
Planos de retorno
Questionado, o diretor da faculdade afirma que a Missão Salesiana não abandonou os planos de fixar uma faculdade em Cuiabá. No entanto, eles pretendem retornar de uma forma diferente. Padre Osvaldo admitiu que um dos erros do projeto que fracassou foi a localização. Ele conta que a Missão imaginou que devido ao espaço que teriam ali para construir um ‘bonita obra’, o local seria o mais indicado.
Sem data definida, Osvaldo dos Santos contou que quando retornar a FAC devera ter prédio próprio, com toda estrutura necessária para atrair mais os alunos.
