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Terça-feira, 16 de julho de 2024

Notícias | Educação

'Nunca ando sozinha', diz aluna que sofreu tentativa de estupro na USP

O quarto ano de faculdade de uma estudante da Universidade de São Paulo (USP) começou como todos os outros depois do Carnaval de 2014. Mas, desde março, uma série de ameaças por meio de bilhetes anônimos que se concretizou, em agosto, em uma tentativa de estupro dentro da Cidade Universitária, acabou fazendo com que a jovem mudasse de rotina e perdesse aulas. Agora, ela aguarda ansiosamente pelo fim do semestre.

O caso aconteceu durante o período de greve da instituição e, como ela foi atacada por trás e ferida na cabeça, o suspeito não pode ser identificado. Mas, quando as aulas foram retomadas, no início de outubro, a estudante, matriculada no quarto ano de um curso da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), decidiu publicar sua história no Facebook.

"Se todos conhecessem o caso, pelo menos eu teria mais olhos voltados pra mim pra garantir um pouco minha segurança", disse ela, que deu entrevista ao G1 sob a condição de que sua identidade fosse preservada.

O caso da estudante repercutiu nas redes sociais, foi registrado em um boletim de ocorrência na delegacia, reportado à Guarda Universitária e um ofício foi encaminhado a diversos órgãos da USP, como a Ouvidoria, a chefia de seu departamento e a direção de sua faculdade. Porém, ele nunca chegou às estatísticas oficiais do SOS Mulher, um programa da Superintendência de Assistência Social (SAS) dedicado ao atendimento às mulheres vítimas de estupro na Cidade Universitária. Na Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária, o caso também não é citado em levantamento obtido pelo G1 sobre asocorrências de violência sexual contra mulheres no campus entre 2012 e novembro de 2014.

Agora, a jovem se uniu a coletivos feministas e conta com o apoio de amigos para poder frequentar as aulas. Para evitar novas tentativas de assédio, ela instalou uma câmera escondida no carro e só anda acompanhada e munida de spray de pimenta. Trancou as aulas que cursaria no período noturno e só permanece no campus durante a luz do dia.

"Eu sempre gostei muito de vir pra cá, acho que é um privilégio poder frequentar esse espaço da universidade. Agora, desde que aconteceu isso, não tenho nenhum momento de prazer aqui dentro. Estou sempre extremamente atenta, olhando pra todos os lados o tempo todo, desconfiando de todo mundo, o que é pior de tudo."

A superintendente de Prevenção e Proteção Universitária Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer afirmou que o caso da estudante foi registrado na Guarda Universitária, mas há pouco a se fazer para encontrar o suspeito. "Nós temos cópias dos bilhetes que ela recebeu. Ela não deu o nome dele, não sabe quem é. Do ponto de vista de uma ação mais concreta, não há o que fazer", disse Ana Lúcia.
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