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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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'Eu só senti o impacto', diz garoto que perdeu visão em briga de torcidas

Um curativo quase do tamanho da palma da mão cobre metade do rosto do garoto de 14 anos, torcedor do Joinville. Ele perdeu o olho direito após uma briga entre torcidas de JEC e Corinthians e Polícia Militar na parte externa da Arena, no Norte de Santa Catarina, antes do confronto entre os times, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, na noite de sábado (6).


O jovem relata que o ferimento grave foi causado pelo disparo de uma bala de borracha, no momento em que policiais tentava contornar o confronto entre os torcedores. "Quando fecho o olho parece que está vindo bala na minha cara", conta.

O adolescente, que frequenta a torcida organizada do time da casa, relatou que não estava próximo da briga. Torcedores do Corinthians tentaram adentrar ao estádio por meio do acesso principal dos joinvilenses. Foi quando iniciou o conflito, uma vez que deram de frente com os tricolores. A Polícia Militar interveio e no momento que foi disparado um tiro para o alto, o garoto correu para afastar uma amiga e foi ao encontro de um amigo quando ocorreu o incidente.

"Estávamos bem distantes da briga, foi quando o policial atirou. Não sei se foi porque quis, mas pegou em mim, foi uma bala. O médico disse que quando entrou no fundo do olho, ela explodiu.  Eu só senti o impacto. Não doeu muito. Botei a mão e vi o sangue escorrendo e não tinha nada. Aí me levaram para outro lado da rua e tirei a camisa para tampar o ferimento. A ambulância foi chamada, que demorou a chegar porque não tinha como passar por causa da confusão. " relata.

A Polícia Militar vai abrir inquérito para verificar se o ferimento que tirou a visão do olho direito do torcedor do Joinville foi por conta de disparo de bala de borracha. A PM não conseguiu informações no dia seguinte ao confronto. Após contornar a briga entre torcedores, os policiais foram confrontados pela torcida do time da casa, que teriam atacado com paus, pedras e arremesso de cadeiras.

O jovem foi encaminhado ao Hospital São José em Joinville e liberado na tarde de domingo (7). Ele se recupera em casa e espera a cicatrização para que seja colocada uma prótese. O adolescente não poderá mais enxergar pelo olho direito, mas a esperança dele e da família é que o ferimento seja imperceptível na aparência.

De acordo com a mãe, quando o médico chegou ao hospital e examinou o garoto, falou que o ferimento foi causado por bala de borracha. "Ele disse: 'Mãe, ele não tem mais olho. Explodiu. Não tem mais o que fazer'. Agora é recuperação, aconselharam procurar um psicólogo para ele. Ele não viu o ferimento, não quer ver. Um dia me perguntou se eu o amaria se ficasse feio (chorando). Qual a mãe que acha o filho feio?".

A marca que vai ficar para toda a vida, porém, parece não influir o sentimento do adolescente torcedor do Joinville. Quando recuperado, espera voltar a ver o JEC atuar. A opinião que pode mudar com o episódio é a impressão que tem sobre confronto entre torcidas.

"Como já tinha visto outras brigas na tevê, não tinha medo. Mas perder a visão foi difícil saber. Quando eu estiver melhor, vou voltar. Não vou por causa de amigo, mas porque gosto de ver o JEC jogar, uma paixão que surgiu na minha vida. Não pretendo largar, minha mãe quer que eu largue, mas não quero largar", assegurou.
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