Desmantelamento da polícia secreta era reivindicado por manifestantes
O Ministério do Interior da Tunísia anunciou nesta segunda-feira a dissolução da polícia secreta do país, acusada de abusos e desrespeito aos direitos humanos durante o governo do ex-presidente Zine Al-Abidine Ben Ali.
Ben Ali, que ficou no poder durante 23 anos, foi forçado a renunciar em 14 de janeiro, após uma onda de protestos populares que se espalhou para outros países do norte da África e do Oriente Médio.
O anúncio do desmantelamento do Departamento de Segurança do Estado, sob o qual operava a polícia secreta, foi feito em comunicado pela internet e justificado como uma forma de proteger 'liberdades e direitos civis'.
A ação foi anunciada como 'uma ruptura definitiva com qualquer forma de organização que se assemelhe à polícia política em estrutura, missão ou práticas'.
Isso, segundo o comunicado, está 'em harmonia com os valores da revolução (que expulsou Ben Ali) e com o respeito da lei, consagrando o clima de confiança e transparência nas relações entre os serviços de segurança e a população'.
Vitória
A polícia secreta teve um papel crucial na repressão à oposição do país durante o regime de Ben Ali. A ONG Human Rights Watch disse que membros da força 'perseguiram dissidentes, torturaram islâmicos e atiraram contra compatriotas'.
O analista da BBC Magdi Abdelhadi disse que o desmantelamento da polícia era uma das principais reivindicações da oposição e pode ser considerado uma vitória dos manifestantes que foram às ruas do país.
O anúncio foi feito pouco depois de o premiê interno do país, Caid Essebsi, nomear um novo gabinete, que não inclui membros do regime de Ben Ali.
O novo ministério manteve a maioria dos ministros do gabinete do governo interino prévio.
A mudança se segue à renúncia, na semana passada, do premiê Mohammed Ghannouchi, visto como muito próximo ao antigo regime.
O novo governo deve ocupar o poder tunisiano até as próximas eleições, previstas para 24 de julho.